Para analista, 3G pode não reverter em mais receita para as operadoras

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Apesar do sucesso do leilão da terceira geração de telefonia celular (3G), realizado nesta terça-feira (18/12), em Brasília, no qual a Anatel arrecadou mais de R$ 1,9 bilhão, os riscos de um fiasco semelhante ao ocorrido com as operadoras na Europa não podem ser desprezados, segundo alguns analistas. Basta uma rápida olhada nos resultados financeiros das operadoras de telefonia móvel no Brasil para ver os baixos níveis de lucro.

?Considerando os resultados do terceiro trimestre deste ano, a média do Ebitda (lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortizações) das operadoras brasileiras foi de 23%, enquanto a maioria das companhias européias vem trabalhando com margens de até 40%?, afirma Alex Zago, analista de telecom da IDC Brasil.

Segundo ele, razões para isso não faltam. ?Temos uma alta incidência de usuários pré-pagos ? 80% do total da base de assinantes ? com gasto médio de US$ 10 mensais. A contribuição proveniente de dados dentro do total das receitas das operadoras móveis foi de apenas 9% no terceiro trimestre, e a forte competição do mercado móvel que requer altos investimentos para aquisição de novos clientes, como os subsídios de aparelhos, publicidade, promoções, etc., são as principais razões dos lucros menores no mercado móvel nacional?, aponta Zago.

Ao analisar o caso da Malásia, país emergente que teve várias operadoras lançando de forma simultânea os serviços 3G ? semelhante com o que pode acontecer no Brasil ?, o analista da IDC Brasil diz é possível especular um cenário: mais de dois anos após a introdução da primeira rede de terceira geração no país, a migração dos serviços 2G para 3G tem se mostrado lenta. ?Mesmo seguindo a cartilha, com oferta de promoções, subsídios de aparelhos, planos com preços atrativos e publicidade, etc., hoje a Malásia ainda conta com menos de 4% do total de usuários móveis assinando um plano de 3G?, compara.

De acordo com Zago, apesar de todos os serviços 3G que as operadoras lançaram por lá, como de acesso banda larga, vídeo fone, download de músicas inteiras, video-greetings, etc., nenhuma mudança significativa foi verificada na receita média por usuário (Arpu). ?Basicamente, os usuários atuais de 3G na Malásia gastam quase o mesmo tanto que antes concediam às suas contas de 2G.?

?Isso nos mostra que no curto e médio prazo, a 3G pode não ser um forte gerador de receita para as operadoras móveis. Mas essa situação não significa que ela não vá decolar. Acreditamos que, a partir de 2009, esse mercado possa acelerar por conta da maior disponibilidade de serviços 3G para os assinantes de pré-pagos, com redução nos preços dos aparelhos e avanços nos serviços de terceira geração?, analisa Zago.

De acordo com a IDC, no curto prazo o Brasil tende a seguir os mesmos passos da Malásia. No médio prazo, no entanto, a migração de 2G para 3G tende a crescer mais rapidamente. Para Zago, porém, ainda observando o caso da Malásia, ?Não há evidências claras de que o crescimento do 3G vá reverter em mais Arpu para as operadoras móveis brasileiras?.

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