Muito se fala sobre as mudanças no trabalho e nos perfis profissionais que começam a acontecer em função da transformação digital. O modelo hierárquico-funcional de gestão, centrado e organizado com base em departamentos especializados em suas atribuições e funções dentro das empresas, comum até o início deste século; começa a dar lugar a formas mais novas e flexíveis de organização e trabalho.
Neste cenário emerge a organização distribuída, onde atividades técnicas, operacionais ou administrativas são realizadas em diversos locais físicos, por pessoas com diferentes competências, da mesma empresa ou não, com a responsabilidade de entregar resultados tangíveis, no prazo determinado e com a qualidade esperada. Isso vem se tornando cada vez mais aplicado onde os desafios mais comuns são o de administrar pessoas com eficácia, mantendo-as alinhadas às prioridades e aos valores organizacionais, atingindo a eficácia e sinergia das equipes, mesmo estando em locais físicos diferentes.
A organização distribuída é um dos efeitos colaterais mais fortes da transformação digital e da mobilidade. Hoje, pessoas trabalham em equipes, mesmo estando em locais físicos diferentes, muitas vezes em condições diferentes ou até empresas diferentes. A mobilidade faz com que a necessidade de espaço físico compartilhado diminua. Por outro lado, trouxe o desafio de gerenciar estas equipes distribuídas de uma forma efetiva e produtiva.
Gemba walk, da manufatura lean (leiam TOYOTA), inspirou no Ocidente o MBWA – Management By Walking Around, ou gerenciamento baseado no entendimento do processo real através de caminhadas pelo chão de fábrica, identificando desperdícios e oportunidades de melhoria. Este processo também influenciou a moderna gestão de projetos. A metodologia Agile usa este conceito. Entretanto, aplicar a metodologia Agile quando as equipes não compartilham o mesmo local físico se tornou um grande obstáculo a ser transposto.
Ainda emergente, Digital Workplace (DW) é um termo que surgiu em 2009, utilizado ativamente pelo CEO do Digital Workplace Group (DWG), Paul Miller, e reforçado pelo Gartner Group em uma análise de hype cycle, em 2014. Mais do que o engajamento dos profissionais em uma internet, o DWG se constitui em uma coleção de ferramentas colaborativas e integrações que permitem aos profissionais trabalharem em conjunto, independentemente de sua localização física.
As ferramentas para DW permitem a adoção imediata do Management by Walking Around em ambientes ou organizações distribuídas em geral, e na implementação do Agile Manifesto para o gerenciamento de projetos, enquanto as equipes estejam distribuídas em diferentes locais. Hoje, podemos integrar ferramentas como Sococo, Slack e Trello, por exemplo, em um ambiente que, de forma lúdica, simula digitalmente um escritório real, com postos de trabalho completos que permitem colaboração, presença, pertencimento e gerenciamento eficaz das pessoas e atividades em qualquer lugar que elas estejam.
DW e MBWA representam não somente buzzwords destes novos tempos, mas as formas pela quais as pessoas irão trabalhar daqui para frente. Prestem atenção nelas, você vai precisar adota-las em breve.
Enio Klein, CEO da K&G DOXA Advisors e gerente geral da operação brasileira da SalesWay. Professor de Vendas e Marketing da Business School São Paulo.