Um time de cientistas, parte de uma força-tarefa pluriorganizacional e internacional para deter o contágio mortal do Ebola em Serra Leoa, liberou online seu primeiro conjunto de dados da estrutura genética do vírus. A análise genética está agora em www.virological.org e disponível para a comunidade científica global para monitorar a evolução do patógeno em tempo real e conduzir pesquisas que podem apontar para estratégias mais efetivas contra outras epidemias.
Um time de cientistas britânicos, fundado pelo Wellcome Truste, está usando tecnologia de sequenciamento de nova geração por semicondutor (NGS, na sigla em inglês) para gerar dados em um laboratório financiado pela Saúde Pública da Inglaterra e pelo International Medical Corps.
Depois de dois trabalhos diagnósticos voluntários ligados ao Centro de Tratamento de Ebola (ETC, na sigla em inglês) em uma das piores partes afetadas em Serra Leoa, Ian Goodfellow, Ph.D., Chefe de Virologia da Universidade de Cambridge, retornou uma terceira vez para estudar o vírus em nível molecular usando uma plataforma de sequenciamento de nova geração. Paul Kellam, Ph.D., professor do Laboratório de Genômica Viral no Wellcome Trust Sanger Institute, liderou o time focado no mapeamento dos dados genéticos gerados por Goodfellow e seus colegas.
"Sequenciar o genoma do vírus pode nos dizer muito sobre sua disseminação e mutação de pessoa para pessoa. Enquanto esta informação é inestimável para os pesquisadores, o rápido compartilhamento de dados não ocorre sempre", diz Kellam. "Geralmente leva-se meses para processar amostras que tem que ser trazidas para os laboratórios britânicos para análise. A capacidade de sequenciamento no local ajuda a gerar dados em questão de dias ou no máximo semanas, o que tem um profundo impacto em como o vírus do Ebola é pesquisado e inevitavelmente trabalhado em escala global."
O rápido sequenciamento permite que epidemiologistas decifrem a fonte de cepas individuais e ajuda a eliminar a necessidade de depender que os pacientes digam a eles como e onde contraíram o vírus, já que diferentes cepas podem ser rastreadas na transmissão de pessoa para pessoa.
Desde o primeiro caso reportado em março de 2014, a epidemia de Ebola matou aproximadamente 11 mil pessoas em países da África Ocidental. Em resposta, a Thermo Fisher Scientific desenvolveu o novo Ion AmpliSeq Ebola Panel para o Ion PGM e Ion Chef, sistemas de sequenciamento genético. Todo o sistema foi selecionado por sua habilidade de atuar e se adaptar em ambientes atípicos para laboratórios, incluindo a disponibilidade de energia elétrica, níveis de poeira no ar e a habilidade de manter a funcionalidade sem a presença de engenheiros de manutenção, diz Goodfellow.
"Esta se provou ser uma grande oportunidade para mostrar como a tecnologia de sequenciamento genético, tipicamente usada somente em laboratórios especializados, pode ser transportada e operada prontamente em ambientes hostis no mundo real e em situações de tempo real. Somente entendendo o vírus Ebola e de outros patógenos, que causam tanto sofrimento em países como Serra Leoa, que podemos realizar passos significativos para proteger as comunidades de futuras epidemias", diz Goodfellow. "Minha esperança é que esta tecnologia será usada pela próxima geração de cientistas e pesquisadores serra-leoneses para ajudar a providenciar uma pesquisa e um sistema de vigilância sustentável no futuro."
O sistema de sequenciamento genético de nova geração foi instalado no laboratório ao lado do Centro de Tratamento do Ebola em Makeni, que é financiado pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido e administrado pela Saúde Pública da Inglaterra. O Centro de Tratamento do Ebola é gerido pelo International Medical Corps.
"Este esforço importante e oportuno para melhor entender a evolução do Ebola no nível molecular não seria possível sem a participação ativa e o apoio de cada organização envolvida", diz Chris Linthwaite, presidente de Ciências Genéticas da Thermo Fisher Scientific. "O sequenciamento de dados valioso agora compartilhado globalmente será vital para ajudar os pesquisadores a ficarem à frente do vírus."