Observo o crescimento do número de empresas que percebem a necessidade de migrar dados e soluções para a nuvem como uma etapa estratégica para incorporar a transformação digital aos seus negócios. Essa percepção ganha respaldo em dados do Relatório de Segurança na Nuvem de 2022, da Fortinet, que apontou que 39% das empresas já executam mais da metade de suas cargas de trabalho em ambientes de cloud, um aumento de 6% com relação ao ano passado, e outras 58% planejam chegar a este nível nos próximos meses.
Ao promover mudanças no setor de Tecnologia da Informação (TI), a arquitetura cloud possibilita alcançar escala e trazer flexibilidade e inovação aos sistemas operacionais como um todo, além de diminuir gastos como com manutenções de hardware físico e substituições de redes, melhorando a produtividade. Agregando vantagens competitivas às corporações, a correta e estratégica migração da infraestrutura tecnológica para a nuvem possibilita um maior gerenciamento de riscos, com consequente suporte à continuidade das operações, tendo em vista que os servidores, dados e aplicativos não estarão mais vinculados ao escritório caso haja falha nos sistemas operacionais por invasão/hacker.
Tudo isso, no entanto, só é possível através de uma migração "limpa", de modo que ela respeite todas as demandas da empresa. Contando com um planejamento assertivo, é possível evitar falhas de configuração, erros de arquitetura, assegurar as boas práticas de segurança e de ciberdefesa, impedindo que o processo de migração seja algo assustador e caro. Isso pode ocorrer quando ele não é efetuado corretamente.
Nesse processo, para identificar o que faz mais sentido na migração segundo as necessidades do negócio, e separar o que será fácil do que será mais difícil, o método conhecido como "os 6R´s" proposto pela AWS (Amazon Web Services), criado a partir de um modelo do Gartner que continha cinco formatos de migração, serve como um guia de transição para a nuvem, classificando o processo de migração de aplicação em seis categorias estratégicas:
1- Rehost (Rehospedar)
Empresas que vão iniciar o processo de migração podem migrar servidores físicos e virtuais existentes de forma mais rápida e sem qualquer alteração, para uma solução IaaS (Infrastructure as a Service). A rehospedagem permite que a empresa possa rearquitetar a sua operação no futuro, uma vez que ela já esteja baseada em nuvem.
2- Replatform (Replataforma)
Com essa estratégia, é possível realizar mudanças na aplicação sem alterar a arquitetura principal, como forma de obter as vantagens que o ambiente de nuvem proporciona. Desta forma, os sistemas de TI legados se tornam compatíveis com as tecnologias de nuvem modernas, alterando a maneira como se interage com o banco de dados, que passam a ser executados em plataformas gerenciadas.
3- Repurchase (Recomprar)
Outra forma do processo de migração é substituir a aplicação on premise e passar a utilizar plataforma de SaaS (Software as a Service) como software nativo da nuvem. Desta forma, a TI deixa de utilizar licenças perpétuas e inicia um novo contrato de licença com o provedor de nuvem, obtendo maior eficiência, economia no armazenamento e redução nos custos de manutenção.
4- Refactoring/Re-architecting (Refatorar/Rearquitetar)
Ao migrar de uma arquitetura monolítica local para uma arquitetura totalmente em servidor na nuvem, essas abordagens permitem desenvolver sistemas do zero para torná-los nativos da nuvem. Essas estratégias tendem a ser mais caras e os processos mais demorados que os outros, porém, tendem a ser mais benéficas por aumentar a agilidade e melhorar a continuidade do negócio.
5- Retire (Aposentar)
A "aposentadoria" visa descobrir a área funcional em um portfólio de TI e o que não é mais útil que pode ser desativado. Essa estratégia permite direcionar a atenção da equipe para o que é utilizado, fazendo com que a organização se concentre em áreas que oferecem mais valor comercial, economizando recursos.
6- Retain (Reter)
Este método consiste em revisitar partes críticas de ativos que precisam de refatoração antes de migrá-los para a nuvem e identificar quais aplicações ainda são adequadas para uso local, quais foram atualizadas recentemente e precisam ser mantidas, e quais não fazem mais sentido para o negócio e não precisam mais ser mantidas.
Paralelamente à estratégia de escolha que visa obter vantagens competitivas e do provedor de nuvem escolhido, como AWS, Microsoft Azure, Google, Huawei, Oracle ou Alibaba Cloud, é possível trabalhar com ambientes corporativos como PaaS (Platform as a Service), IaaS (Infrastructure as a Service), SaaS (Software as a Service) e IaC (Infrastructure as Code), que utiliza linguagem de codificação de alto nível para automatizar infraestruturas como parte essencial de implementação de práticas DevOps. Todo o trabalho é em prol da otimização da operação dos sistemas, da produtividade em toda a organização e da agilização da transformação digital.
Walter Ezequiel Troncoso, CEO da Inove Solutions.