Em decorrência dos eventos climáticos extremos que temos vivenciado nos últimos anos, muito tem se falado sobre os créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões, certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa – fenômeno físico que pode causar impactos no meio ambiente, como grande secas ou até mesmo chuvas acima da média.
Em vista disso, a Carbonext – empresa de Nature Based Solution, especializada em projetos de geração e comercialização de créditos de carbono na modalidade Redução de Emissões Provenientes da Degradação Florestal ou Desmatamento (REDD+), e, a Imagem Geosistemas – distribuidora oficial e exclusiva do ArcGIS – plataforma da norte-americana Esri, s/e uniram no final de 2021 para ampliar essa iniciativa no Brasil.
Por meio da aplicação dos recursos da Plataforma ArcGIS foi possível escalar o desenvolvimento de projetos com a finalidade de manter as florestas em pé por meio do fortalecimento da bioeconomia com foco na conservação ambiental, segurança alimentar, empoderamento comunitário das populações ribeirinhas da Amazônia, tudo alinhado com os objetivos globais de desenvolvimento sustentável que fazem parte da chamada Agenda 2030 das Nações Unidas.
Case Uber
Territórios localizados no Amazonas, Acre, Pará e Mato Grosso são responsáveis por gerar crédito de carbono na modalidade também conhecida como "Desmatamento Evitado", que provém do conceito do REDD. "São áreas com floresta nativa, todas na Amazônia, onde medimos o risco da conversão da floresta em outro uso do solo. Essa quantificação determina o que chamamos de linha de base, ou seja, na ausência do projeto, a tendência é que a floresta seja destruída num certo volume e velocidade pelos agentes de desmatamento ilegais", conta Rafael Ruas Martins, GIS Coordinator da Carbonext. Sendo assim, o projeto implementa ações voltadas em mitigar ou sanar esse risco e, como resultado, garante a manutenção do estoque de carbono na floresta em pé que estava fadado a ser emitido para a atmosfera e aumentar os Gases de Efeito de Estufa (GEEs) e, consequentemente, acelerar as mudanças climáticas.
Segundo Martins, é possível obter os créditos de carbono que são auditados por uma instituição denominada VERRA, responsável pelos principais standards de mercado que norteiam o desenvolvimento de projetos como esse. "Esses créditos são então comercializados com pessoas ou empresas que querem diminuir sua pegada ecológica, como o caso da Uber que aderiu à prática ao formatar o Uber Planet -categoria de viagens da Uber com o objetivo de compensar a emissão de gases poluentes durante as corridas feitas na plataforma", revela. A empresa multinacional americana, prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano, tem como objetivo reduzir o carbono dos carros que fazem parte de sua frota.
Uma pequena parte da receita da comercialização do crédito fica com a Carbonext, que utilizar para a estrutura necessária e a maior parte volta para a floresta para o desenvolvimento das ações que vão conter o desmatamento.
"Essas ações são, na grande parte, de cunho social por meio de envolvimento comunitário, estruturação de alternativas de renda, proteção da floresta, e para isso o GIS foi essencial, atuando em todos os momentos chave do negócio, desde a prospecção de áreas, como no desenvolvimento de projetos e no monitoramento", explica Aldair Dutra, analista de negócios da Imagem Geosistemas. O executivo conta que antes da implementação do "MonitoraCarbon", a empresa não tinha uma rotina constante de monitoramento e isso culminou numa perda de floresta em um dos projetos de aproximadamente 600 hectares em decorrência de uma invasão de grileiros. "A implantação do sistema visa, especialmente, obter alertas de imediato a qualquer alteração que possa existir na floresta para protegermos nosso ativo de forma mais eficiente", conclui Dutra.
O projeto deve ser ampliado nos próximos meses, tanto nas áreas de monitoramento, como na adequação de novos recursos, como radar, disparo de alertas provenientes de sistemas secundários, direcionamento de alertas para facilitar a gestão, entre outras funcionalidades.
Para 2022, a expectativa da Carbonext é chegar a 350 mil hectares de área de produção de crédito de carbono e 5.2 milhões de hectares sob monitoramento.