A tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas. Hoje, as crianças praticamente nascem sabendo mexer nos smartphones. Até a forma como nos relacionamos com as instituições financeiras mudaram. Evoluímos do dinheiro escondido embaixo do colchão para uma transação a qualquer momento, de qualquer lugar, a apenas um toque na tela do celular. O que não mudou nesse período foi a preocupação com a segurança, principalmente, a segurança de dados.
O Brasil é um dos países mais vulneráveis quando o assunto é segurança da informação. Segundo o estudo "Cost of Data Breach Study 2016", encomendado pela IBM ao Instituto Ponemom, o número de dados roubados neste ano subiu de 3.900 para 85.400, um aumento de 2.000% no país. Ainda de acordo com o relatório, que entrevistou 33 companhias brasileiras de diferentes setores, durante dez meses, o prejuízo das empresas também cresceu, passando de R$ 3.96 milhões para R$ 4.31 milhões.
Ah, então o melhor é não fazer transferências online? Não. A solução não é evitar a utilização da tecnologia e sim, melhorá-la e adaptá-la a cada situação. O setor bancário é a segunda área que mais investe em TI no país, atrás apenas dos órgãos governamentais. Somente em 2015, foram R$ 19 bilhões gastos em TI, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A maior parte do investimento foi específico para atender as demandas do mobile banking, o canal digital de maior demanda por parte dos usuários.
Se os bancos estão se modernizando e investindo nesse quesito, as fintechs não podem ficar atrás. Não estou nem falando diretamente das empresas "one size fits all" — que vendem todos os produtos financeiros -, mas também das que se enquadram no modelo Vertical Banking, ou seja, fintechs caracterizadas pelo profundo entendimento do produto e da sua utilização pelo cliente final. Essas verticais precisam destinar parte dos seus recursos para a segurança e evitar ao máximo a ação de hackers.
Falo isso por experiência. Antes mesmo de fundar a Asaas – empresa que presta serviços financeiros a microempreendedores individuais (MEIs), autônomos, micro e pequenas empresas -, eu era contratado para testar os sistemas de segurança de empresas contra falhas digitais. Essa função me rendeu uma cena um tanto constrangedora em uma grande empresa de Santa Catarina, quando fui retirado a força da sala de reunião, durante o teste de segurança, depois de desabilitar toda a infra-estrutura de negócios em poucos minutos.
O fato é que as fintechs estão na "crista da onda". O Relatório Mundial sobre Bancos do Varejo, realizado pela Capgemini, empresa global de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização, afirma que 74% dos brasileiros utilizam o serviço inovador, um número muito superior à média global (63%). Sendo assim, diferenciar-se dos concorrentes e até mesmo das instituições bancárias tradicionais é imprescindível. E se tem um ponto ainda delicado para os brasileiros é a segurança nas transações, que tal unir o útil à necessidade e entregar uma plataforma ainda mais confiável? Bem, depois não diga que eu não avisei.
Piero Contezini, cofundador e CEO da fintech Asaas.