A Microsoft ainda continua em um distante segundo lugar em relação a Amazon.com no mercado de serviços corporativos em nuvem, mas os últimos resultados trimestrais sugerem que a gigante do software está efetivamente conseguindo fazer uma transição bem sucedida do modelo baseado na venda de licenças de software (on premises) pela modalidade de oferta de software como serviço (SaaS) por meio da nuvem.
O balanço do quarto trimestre do ano fiscal de 2016, encerrado em 30 junho, mostra que a receita da companhia com o serviço de infraestrutura em nuvem Azure mais do que dobrou no período, compensando, inclusive, a queda nas vendas do sistema operacional Windows e de seu negócio de telefonia móvel. O negócio de nuvem inteligente da Microsoft, que inclui o Azure, teve aumento de 6,6%, para US$ 6,71 bilhões. E a receita nesse segmento, segundo a empresa, poderia ter sido ainda maior se não fosse o impacto da desvalorização cambial em cerca de 3%.
O desempenho do negócio em nuvem foi tão excepcional que surpreendeu os investidores. O reflexo imediato disso já pôde ser sentido após a divulgação dos resultados financeiros na terça, 19, no pregão after-hours trading, negociação após o fechamento da Nasdaq, quando as ações da empresa subiram 4,26%, para US$ 55,35. Essa tendência se manteve nesta quarta-feira, 20, com as ações já abrindo em alta no pré-market em Nova York e atingindo o pico no pregão normal, com elevação de 7% às 12h06 (no horário de Brasília), negociadas a US$ 56,81.
De acordo com analistas, a Microsoft tem-se revelado especialmente vocacionada para a venda de serviços de nuvem para os clientes já existentes, aproveitando-se das relações estreitas com empresas que "rodam" o software em seus próprios data centers. "Ela [a Microsoft] está efetivamente acolhendo seus clientes para que façam a transição para a nuvem", disse o analista Brad Reback, da consultoria Stifel Nicolaus & Co, ao The Wall Street Journal.
Apesar de relativamente bem sucedida, a transição para a nuvem da Microsoft, no entanto, tem cobrado um custo elevado: corroído as margens de lucro. Acostumada, por anos a fio, a ganhos polpudos com a venda licenças de software às empresas, a fabricante agora está tendo que se adequar às margens mais magras dos serviços em nuvem, que são vendidos por assinatura. Tanto que no último balanço a empresa informa que as margens brutas caíram 14%, para US$ 12,64 bilhões. A previsão feita para o próximo ano fiscal da Microsoft, pelo diretor financeiro (CFO) Amy Hood, é que as margens diminuam um pouco mais.