O uso das tecnologias da informação e comunicações (TIC) em projetos de saúde a distância, conhecida como telessaúde, aparece como um dos principais destaques entre os estabelecimentos públicos de saúde, na edição de 2014 da TIC Saúde, pesquisa conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), divulgada nesta quinta-feira, 20. De acordo com o levantamento, sistemas de educação a distância já estão disponíveis em 27% das instituições de saúde com acesso à internet, sendo que entre as instituições públicas essa proporção chega a 41%.
Além disso, o relatório da Cetic.br mostra que 20% dos estabelecimentos desenvolveram atividades de pesquisa a distância, percentual que é maior entre as instituições públicas de saúde (28%). Ainda entre os estabelecimentos com internet, 21% participam de alguma rede de telessaúde. No setor público, o percentual de participantes de alguma rede chega a 37%, enquanto apenas 8% dos privados o fazem. Ainda é reduzida a presença de serviços de monitoramento remoto de pacientes (8% dos estabelecimentos de saúde com acesso à internet).
Outro dado relevante é que a infraestrutura básica de TIC nas instituições de saúde apresentou crescimento. Em 2014, 92% desses estabelecimentos utilizaram computador nos 12 meses que antecederam a pesquisa e 85% acessaram a internet — em 2013, os índices eram de 83% e 77%, respectivamente. Entre os profissionais de saúde, o acesso domiciliar ao computador e à internet segue praticamente universalizado. Os enfermeiros declararam, no entanto, maior acesso às TIC no ambiente de trabalho do que os médicos: 80% dos enfermeiros e 65% dos médicos.
Prontuário eletrônico de pacientes
A pesquisa TIC Saúde 2014 identificou também que 52% dos estabelecimentos que utilizaram a internet nos últimos 12 meses possuíam algum tipo de registro eletrônico das informações constantes nos prontuários dos pacientes. Em 29% das instituições de saúde, o registro das informações dos pacientes está parte em papel e parte no formato eletrônico, e em 23%, totalmente eletrônica. Por outro lado, 45% dos estabelecimentos que utilizaram a internet nos últimos 12 meses fizeram os registros totalmente em papel. De acordo com a pesquisa, esta incorporação é mais baixa entre os estabelecimentos com internação, o que pode estar associado à complexidade do registro de informações clínicas neste tipo de local.
Os dados cadastrais predominam entre as informações de pacientes disponíveis eletronicamente, e estão presentes em 73% dos estabelecimentos de saúde. Já os dados relativos à atenção clínica possuem menor disponibilidade: 31% das instituições com internet declaram ter informações disponíveis eletronicamente sobre alergias, 26% sobre vacinas, 25% sobre sinais vitais e 18%, imagens de exames radiológicos. Em relação à segurança da informação, observou-se que 35% dos estabelecimentos de saúde conectados à rede possuem uma política interna de segurança regida por manual ou documento.
Barreiras para uso das TIC
A falta de recursos para investimento em tecnologia é vista por 79% dos médicos e 78% dos enfermeiros como a principal barreira para a implantação de sistemas eletrônicos. Entre os itens apresentados pela pesquisa, os profissionais de saúde veem também a falta de prioridade das políticas públicas (76% dos médicos e 69% dos enfermeiros) e a falta de treinamento (70% dos médicos e 68% dos enfermeiros) como barreiras significativas para a adoção de soluções tecnológicas.
Embora a maioria dos médicos e enfermeiros declare não perceber a diminuição na carga de trabalho por conta do uso de tecnologias, a percepção em relação ao cuidado com o paciente e gestão das rotinas médicas é positiva — para 72% dos médicos e 76% dos enfermeiros, a implantação de sistemas eletrônicos possibilitou a melhora da qualidade do tratamento como um todo.