A aposta das empresas em inteligência artificial generativa pode esbarrar na afinidade dos brasileiros com a tecnologia. Segundo estudo feito pelo Boston Consulting Group (BCG), apenas 34% dos brasileiros utilizam a GenAI com frequência e 20% desconhecem a tecnologia.
O estudo global "How Work Preferences Are Shifting in the Age of GenAI" destaca as principais tendências e preferências de trabalho na era da inteligência artificial generativa (GenAI).
Elaborado a partir de entrevistas com mais de 150 mil trabalhadores de 188 países, incluindo o Brasil, o relatório destaca que a adoção da GenAI está diretamente correlacionada com a faixa etária e o contexto econômico dos países.
Globalmente, indivíduos mais jovens, especialmente aqueles com menos de 20 anos, lideram a adoção da tecnologia, com uma taxa significativa de 50%. Em contrapartida, o uso diminui conforme a idade avança, com 49% de utilização entre 21 e 30 anos, 40% entre 31 e 40 anos, 34% entre 41 e 50 anos, 28% entre 51 e 50 anos e apenas 23% de usuários entre os maiores de 60 anos.
Segundo a pesquisa, países de economias emergentes estão liderando a adoção da GenAI, com altas taxas de utilização observadas principalmente em nações da Ásia, África e América Latina. Contudo, no Brasil essa realidade é diferente: apenas 34% dos mais de 5.500 entrevistados brasileiros disseram que a usam com frequência. Dentre os que a aplicam no trabalho, 66% usufruem dela para estudos, aprendizados e pesquisas. Já na vida pessoal, 53% a empregam para saber de fatos e conhecimento geral e 50% para desenvolvimento de habilidades e aprendizado.
Porém, 33% nunca experimentaram soluções com essa tecnologia e 20% nem mesmo ouviram falar sobre elas. Entre os maiores desafios para a adoção da tecnologia no Brasil estão a dificuldade em escrever as orientações para a GenAI e a falta de outras habilidades (25%), baixa velocidade ou outros problemas tecnológicos (24%), indisponibilidade de dados ou falta de confiança nas fontes (23%), falta de qualidade nas respostas da ferramenta (16%) e percepção de respostas tendenciosas (3%).
Inclusive, 43% dos que utilizam a tecnologia regularmente dizem que fazem ajustes antes de utilizar a informação obtida e, para 23%, a resposta serve apenas de insight, mas o trabalho é feito, em sua maior parte, pelo próprio colaborador.
"O cenário global de trabalho está mudando rapidamente, impulsionado por avanços tecnológicos e pela GenAI", afirma Santino Lacanna, sócio do BCG. "As empresas precisam se adaptar a essas novas demandas e investir em programas de requalificação e segurança no emprego para atrair e reter talentos".
Empregabilidade brasileira
A análise também foi utilizada para entender o cenário do trabalho no Brasil e revelou que os brasileiros sentem que têm poder para escolher e negociar ofertas de emprego (63%) e 80% deles são abordados algumas vezes por ano com oportunidades de trabalho. Entretanto, eles analisam a segurança do serviço, balanceamento entre vida e trabalho e compensação financeira antes de ingressar em uma empresa.
Além disso, em um cenário hipotético no qual uma vaga de emprego com todos os pré-requisitos que procuram fosse oferecida, ainda assim os respondentes afirmam que não aceitariam esse "trabalho ideal" se tivessem uma percepção negativa durante a entrevista (64%) ou no processo de recrutamento (25%), caso a empresa não oferecesse benefícios para cuidar do bem-estar e saúde mental do colaborador (47%) ou que fossem atrativos para familiares e amigos (23%), se os produtos ou serviços do empregador tivessem impactos negativos na sociedade (48%) ou se a companhia não tivesse iniciativas de sustentabilidade ou em prol do meio ambiente (27%) e caso o emprego não oferecesse opção de trabalho remoto (11%) ou não tivesse um ambiente diverso e inclusivo (31%).
"É essencial que os empregadores reconheçam essas tendências e ajustem suas estratégias de recrutamento e retenção. Investir em tecnologia, capacitação e criar um ambiente de trabalho seguro e equilibrado são passos fundamentais para o sucesso no mercado atual", acrescenta Lacanna.
O estudo do BCG evidencia um desafio crucial no cenário brasileiro: a baixa adoção da inteligência artificial generativa (GenAI) devido à falta de familiaridade e habilidades técnicas. Com apenas 34% dos brasileiros utilizando a tecnologia regularmente, as empresas precisam redobrar seus esforços para superar essas barreiras e explorar o verdadeiro potencial da GenAI.
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