Startup inova no agendamento de consultas e serviços de saúde

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Com apenas sete funcionários, a novata Zap Saúde prevê atingir receita de R$ 7,7 milhões em seu primeiro ano de atuação, graças ao diferencial de tornar gratuito o cadastro de agendamento online para a área da saúde. "Não há custo para cadastro na plataforma. A rentabilidade ocorre na medida em que os clientes usam a plataforma para pagar serviços particulares de forma antecipada, acrescidos de uma taxa de conveniência", explica o diretor de TI da empresa, Gustavo Disarz.

Assim, a receita do Zap Saúde será gerada a partir de uma taxa de conveniência cobrada por consultas particulares, no valor mínimo de R$ 13,50. "Para valores (de consultas) acima de R$ 90, é aplicada uma taxa de 8% a 15%, escalonamento que varia conforme o valor da consulta ou procedimento", explica o CEO do empreendimento, André Becker. Os usuários de convênio ou de seguro terão acesso gratuito ao serviço.

O portal de agendamento é sediado na incubadora Raiar, no Parque Científico e Tecnológico da PUC-RS, o TecnoPuc. A proposta é ampliar e facilitar o acesso da população aos serviços e profissionais, e se destaca por ser, segundo Disarz, a primeira plataforma de agendamento com pré-pagamento, já que as ferramentas disponíveis no portal não só substituem as agendas físicas – possibilitando que as consultas, procedimentos, seções e exames sejam marcados via web – como também permitem o pagamento por meio da internet, inclusive de forma parcelada. "O modelo de negócio é dirigido pela oferta de serviços de saúde para clientes, no mesmo modelo de sites convencionais de comércio eletrônico", explica, por analogia, Disarz.

Disponível para cadastro de profissionais desde julho, o lançamento para o público acontecerá no início de outubro, "já com funcionamento pleno da ferramenta, incluindo o pagamento via web", comemora Disarz. Ele, no entanto, diz que a empresa tem alguns desafios. "O principal fator crítico de sucesso do Zap Saúde é a captação da rede de profissionais", revela. Esse, inclusive, é o motivo pelo qual a startup optou por um modelo de negócios gratuito não apenas para o público final, mas também para profissionais, clínicas e hospitais disponibilizarem seus serviços.

A plataforma, de acordo com Disarz, busca soluções específicas para situações diferentes em cada uma das bases que atua, e se alinha a algumas carências do setor. "Profissionais da saúde que atendem com hora marcada muitas vezes têm horários ociosos e perdem de 10% a 20% de seus horários por desistências dos pacientes ("no-show"), sem aviso prévio", informa. Caso o serviço fosse previamente pago, esse entrave possivelmente se solucionaria.

Além disso, ele lembra que essas pessoas têm uma despesa fixa com o processo de agendamento de consultas, como call centers de clínicas. E ainda aponta a forma de pagamento como outra dificuldade a ser suprida com o serviço. "Muitos profissionais, principalmente aqueles que atendem a domicílio, ou em consultórios, não oferecem a facilidade de pagamento com cartão de crédito ou débito aos seus clientes", detalha Disarz.

Demanda x oferta

Para justificar o plano de negócio, o diretor de TI do Zap Saúde aborda o cenário da oferta de serviços de saúde no país, que "com capacidade ociosa, observada pela perspectiva dos profissionais de saúde, observou-se uma demanda da população que não estava sendo atendida", informa. "Com a atual crise na saúde pública, o aumento da renda per capita dos brasileiros, e o crescimento da verba investida pelas famílias em saúde, foi possível constatar uma desconexão entre oferta e demanda", completa.

De acordo com Becker, inclusive, alguns argumentos tornam o segmento de saúde no Brasil "altamente promissor". Ele justifica alegando que dos 190 milhões de consumidores potenciais, 90 milhões de brasileiros não possuem plano de saúde. No entanto, nesse último grupo, consolida-se uma classe C emergente "com poder aquisitivo suficiente para não depender unicamente do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda manifestamente insuficiente e carente de qualidade", expõe, acrescentando que a chamada classe média passou a representar 50,5% da população brasileira, segundo estudo da FGV.

Diante desse cenário sócio-econômico, o CEO encontra motivos para ser mais específico. "Pacientes que não têm convênio e dependem principalmente do SUS, ou que têm convênios que não cobrem uma especialidade ou exame requerido, muitas vezes aguardam por dias ou meses por um atendimento", informa. Dessa forma, Becker salienta que mesmo quando há pacientes dispostos a pagar pelo exame ou atendimento, não há, hoje, acesso às informações  sobre onde encontrar o que procuram com boa relação preço/qualidade.

E o profissional ainda lembra que a plataforma oferece outras especialidades muitas vezes não cobertas por planos de saúde, como nutricionistas, psicólogas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. No entanto, ele pondera que a intenção do empreendimento não é concorrer com os planos de saúde, mas complementar a oferta de saúde, justamente por oferecer essas especialidades nem sempre cobertas pelos planos. "As [pessoas] que não tem plano de saúde podem procurar uma consulta particular. As [pessoas] que tem plano de saúde podem agendar sua consulta de convênio pela Zap Saúde", explica.

A plataforma também está de acordo com uma das principais tendências da atualidade: a mobilidade. O serviço online pode ser acessado tanto em computadores, como em celulares e tablets.

Expectativas

Apesar de ser recente, as expectativas da empresa não são tímidas. "Prevemos garantir um profissional de saúde a cada 25 mil habitantes em 12 especialidades diferentes", conta Disarz. A estratégia de crescimento orgânico, segundo o diretor de TI, propõe que a rede de provedores de saúde disponibilize 2.792.640 consultas/exames por mês até o final do terceiro ano da plataforma.

A empresa ainda estima que no primeiro ano de atuação contará com um banco de dados ativo de 660 profissionais individuais, 70 clínicas médias e 10 clínicas grandes/hospitais.

A criação da plataforma aconteceu dentro do período de 10 meses, e contou com um investimento inicial de R$ 500 mil reais, proveniente de investidores anjo. Desse montante, R$ 300 mil foram apenas para TI. Além disso, Becker aponta estarem "em definição do modelo de negócio com seguradoras e assistências."

Quanto ao retorno desse valor, Disarz explica que como o aporte financeiro do Zap Saúde é feito por investidores anjo, o foco principal está na formação da rede da plataforma, e não na rentabilidade. Mas salienta: "de acordo com um planejamento estratégico muito minucioso que foi realizado, já esperamos resultados no primeiro ano de operação." A estimativa, como dito, é atingir R$ 7,7 milhões no primeiro ano.

Becker acrescenta outro motivo que levará ao alcance do expressivo valor. "Estamos estabelecendo um novo aporte financeiro para agressivo investimento de marketing e operação nos primeiros 12 meses", detalha.

Para tanto, atualmente, a ZAP Saúde já tem alguns números. A empresa conta com profissionais cadastrados de 36 cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, "e segue recebendo cadastros de profissionais de todo País", comemora Disarz. Atualmente, existem 200 provedores de saúde utilizando o produto apenas em Porto Alegre.

Além da sedimentação do serviço, a companhia tem outros planos de TI para os próximos meses, como a disponibilização de serviços premium; a criação da ferramenta de whitelabel, "possibilitando incluir a busca e o agendamento diretamente no próprio site de hospitais, planos de saúde e grandes clínicas" e "a definição do preço pelo próprio cliente, seguindo o modelo make your own price", finaliza Disarz.

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