Investir em treinamentos dentro da sua empresa é uma necessidade e pode ser mais barato do que você imagina. As modalidades de treinamentos são muitas, sempre com estruturas e investimentos variáveis. São inúmeros os artigos e estudos que apontam os benefícios dos treinamentos corporativos, alcançando desde a melhoria no ambiente corporativo até um aumento efetivo nas vendas. Para diminuir os custos com treinamentos e torná-los ainda mais acessíveis aos seus funcionários, muitos gestores estão migrando suas áreas de treinamento tradicional para o e-learning. Isso faz muito sentido principalmente quando vemos a realidade da educação no mundo e o crescimento das plataformas de cursos MOOCs.
MOOC é a sigla para Massive Open On-line Course, ou Curso On-line Aberto Massivo, em tradução literal. A palavra "massivo" é referente ao termo "em massa", que pode ser aplicado a muitas pessoas ao mesmo tempo. O MOOC é um modelo de curso que utiliza a Internet para atingir um grande número de pessoas com cursos livres em diversas áreas ou até mesmo extensões universitárias com certificados reconhecidos pelas grandes instituições de ensino do mundo.
Os primeiros MOOCs surgiram entre 2007 e 2008, mas estudiosos apontam que a modalidade realmente ganhou força em 2011, quando o professor da Universidade de Stanford, Sebastian Thrun, criou o curso "Introdução à Inteligência Artificial" em parceria com o Google e atraiu mais de 160 mil pessoas em todo mundo, dando início à plataforma Udacity. Outros professores de Stanford criaram o Coursera e, pouco tempo depois, a Universidade de Harvard e o MIT anunciavam o Edx. No Brasil temos plataformas como a Veduca, com cursos livres e de extensão, e a Eduk, com cursos livres de variados assuntos, como fotografia, artesanato e culinária. Outro MOOC que vale destacar é o Miríada X, que reúne cursos de grande universidades espanholas, portuguesas e brasileiras.
As empresas de tecnologia foram as primeiras a perceberam os MOOCs como alternativa para seus treinamentos internos. A empresa americana de telecomunicações AT&T doou US$ 2 milhões à Georgia Tech para criar cursos para criação de aplicativos móveis ou de Internet, com ajuda da Udacity. No Brasil, encontramos empresas que já investem nesse tipo de tecnologia, por ser mais barato do que cursos presenciais e mais fácil de serem acessados pelos colaboradores.
Vivemos um período em que os computadores e smartphones fazem parte da nossa rotina, com muitas pessoas que não saem na cama sem antes verificar suas redes sociais, o trânsito ou se vai chover naquele dia. Antes seria necessário capacitar o funcionário para aprender a mexer na ferramenta para depois realmente transmitir conhecimentos específicos. Hoje um rápido tutorial animado já é o suficiente para seu colaborador entender a regra do jogo.
Defendo a utilização do e-learning – seja na modalidade MOOC ou através de outros meios, como mobile learning ou até mesmo realidade virtual – como uma maneira de manter seus funcionários sempre atualizados e para projetar sua empresa como uma organização que está sempre atenta às novas tecnologias. O Grupo Telefonica tem realizado um trabalho interessante com a plataforma Learn4Sales, MOOC corporativo com foco em capacitar e certificar vendedores internacionalmente. Seus cursos foram desenvolvidos com especialistas internos da empresa e estão dando bons resultados para o grupo. Os cursos oferecem conteúdos totalmente de acordo com as políticas da empresa e com a necessidade que um bom profissional de vendas precisa para ter sucesso no setor.
Independente das iniciativas das empresas, os profissionais tem procurado por conta própria fazer cursos on-line. Segundo pesquisa divulgada em setembro de 2015 pelo site Coursera, dos alunos entrevistados que finalizaram ao menos um curso na plataforma, 72% tiveram benefícios na sua carreira (como conseguir uma promoção ou encontrar um novo emprego) e 61% afirmaram ter benefícios educacionais (como conseguir pré-requisitos para programas acadêmicos ou se preparar para uma prova específica). Entre os entrevistados, os que são de países em desenvolvimento costumam obter os maiores benefícios. Os cursos realmente ajudam quem tem dedicação e estuda todo o conteúdo.
Das 13 milhões de contas existentes na plataforma, 550 mil são de brasileiros, o que nos coloca na quarta posição geral, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Este é um número extremamente expressivo, principalmente quando levamos em conta os poucos conteúdos disponíveis em português.
Por isso acredito que as empresas devam investir pesado nesse tipo de treinamento, pois existe sim demanda por este tipo de ensino. As organizações podem facilmente criar treinamentos internos para setores específicos ou até mesmo lançar sites com conteúdos abertos para a população, mas que futuramente será revertido em candidatos mais bem preparados para os cargos disponíveis.
Mais do que uma moda, acredito que o e-learning representa o futuro da educação na era digital. Ganha a empresa que entender isso antes e já investir em novos programas de treinamento.
Luiz Alexandre Castanha, administrador de Empresas com especialização em Gestão de Conhecimento e Storytelling aplicado a Educação, atua em cargos executivos na área de Educação há mais de 10 anos.