Testar é o novo planejar

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Neste mundo em constante transformação, onde tudo parece ser um líquido que escorre entre os dedos, torna-se um desafio quase impossível planejar estratégias de médio ou longo prazo. E as razões são muitas: o mercado está mudando e se expandindo para um mundo híbrido e virtual que ainda não conhecemos direito, as pessoas estão ressignificando seus valores pessoais e buscando entender melhor as próprias necessidades e desejos nestes novos tempos, e estamos, ainda, assistindo a uma veloz transformação cultural da sociedade que tem mudado até nossas crenças e verdades. Claro que isso tudo também tem impactado fortemente nossos hábitos de consumo.  

As empresas, conscientes da importância da Diversidade e da Inclusão, mas ainda não representadas por colaboradores diversos, buscam entender e resolver com rapidez os desafios e as soluções demandadas pela esmagadora maioria de consumidores diversos que elas descobriram que têm. Segundo o Instituto Locomotiva, 76% de todo o consumo do comércio no Brasil se concentram nas mulheres, nos negros, nas classes CDE e nas pessoas LGTBQIA+.  

Colocar o cliente no centro de tudo parece ser o rumo mais assertivo a ser seguido pelo mundo corporativo. A questão é como analisar, entender e propor soluções para essas pessoas consumidoras diversas, a partir de empresas representadas por uma base de colaboradores nada diversa.   

A tecnologia é outro norte que tem sido seguido pelas empresas. Trata-se de um caminho que abrevia soluções, mas ainda é visto por muitos de nós como algo apartado e diferente do mesmo que já temos feito há muito tempo: buscar e encontrar formas mais eficientes de conectar, informar e entreter as pessoas.   

Quando falamos das descobertas e das possibilidades da WEB3 e do Metaverso, por exemplo, voltamos à caverna e preferimos não entender o novo até que tudo esteja devidamente esclarecido e seguro para planejarmos e explorarmos eventuais benefícios. Não conseguimos entender que, quando essas novas soluções estiverem estabelecidas e seguras, é provável que elas não sejam mais o norte a seguir. E isso acontece porque vivemos, atualmente, a era da experimentação. Em vez de longos estudos e planejamentos, precisamos gerar protótipos para serem logo testados e validados pelas pessoas que queremos servir hoje.  

Entretanto, experimentar pressupõe falhas, e não há evolução sem elas. Isso impõe um desafio às empresas, que historicamente buscaram a eficiência e o lucro punindo aqueles que falharam. Daí a importância de se testar e dar passos menores, porém precisos, rumo a desbravar o desconhecido. Explorar as falhas de forma a gerar conhecimento é permitir que se conheçam caminhos antes desconhecidos.   

O ponto aqui é incentivar as pessoas a ter a coragem de fazer parte destes tempos de transformação e colaborar sem medo de errar, para que as coisas evoluam da melhor forma possível. E, se ainda assim essas pessoas não enxergam o futuro que desejam, que elas sejam incentivadas a parar de assistir e a passar a contribuir de alguma forma para a criação desse futuro.   

Tudo isso tem a ver com entender a grandiosidade das inovações tecnológicas e se preparar para mostrar que o mais interessante nas soluções digitais é a descentralização do poder e a possibilidade real de inclusão e de soma das diferenças. As empresas podem e devem incentivar modelos mentais que pensem em novas soluções sob a perspectiva da inclusão das muitas outras pessoas que ainda não podem acessar o mundo corporativo. Hoje, todas as indústrias do mercado vivem o caos da carência de profissionais e, ao mesmo tempo, convivem e colaboram de certa forma para sermos um país de mais de 10 milhões de pessoas desempregadas.  

Ronaldo Bias Ferreira Jr., sócio-diretor da um.a Diversidade Criativa. 

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