Apesar da disseminação de informações falsas existirem desde que o mundo é mundo, é inegável que ela tem tomado proporções inimagináveis nos últimos anos. E isso afeta diretamente a opinião pública, as ações que tomamos e o resultado de eventos importantes como pandemias e eleições. Tanto, que segundo uma pesquisa do DataSenado, 81% dos brasileiros acreditam que as fake news podem afetar significativamente o resultado eleitoral.
Agora, com a proximidade das eleições em 5.565 municípios no próximo mês se acende um alerta para mais uma enxurrada de desinformações que vão inundar as redes sociais, rodas de conversa e grupos em aplicativos de mensagem.
Uma coisa que é importante lembrarmos nas fake news é que elas não são apenas uma troca de informações falsas. Elas são pensadas para provocar emoções fortes, incentivar a divisão de opiniões e falar diretamente com medos e crenças muito internas de cada um de nós. Por isso elas têm toda essa força e alcance.
Mas é justamente no seu maior motor de propagação que temos também uma aliada importante no combate à desinformação. A tecnologia é, sim, ferramenta para gerar e distribuir fake news. Mas também é berço de soluções inovadoras para enfrentar esse problema.
Dou aqui três exemplos:
1. Monitoramento e análise em tempo real
A primeira etapa para enfrentar a desinformação é a capacidade de identificar e monitorar a disseminação de informações falsas. Com o uso de algoritmos avançados e inteligência artificial (IA), podemos analisar grandes volumes de dados em tempo real, identificando padrões, deep fakes e sinais de desinformação com uma precisão nunca vista.
Essa análise pode ser usada para derrubar conteúdos falsos, identificar ações criminosas e até mesmo perceber uma nova onda de fake news e respondê-la antes que ela tome proporções difíceis de controlar.
2. Educação e conscientização da população
O combate às fake news não se limita apenas à remoção de informações falsas; envolve também a educação do público sobre como identificar e evitar desinformação. Isso é fundamental em um momento em que quase 90% da população brasileira diz já ter acreditado em conteúdos falsos e apenas 62% confiarem em suas capacidades de identificar fake news de informações verdadeiras.
Neste sentido, a tecnologia permite a implementação de campanhas educativas eficazes através de múltiplos canais. Comunicações por SMS, e-mail e redes sociais podem ser usadas para disseminar informações sobre a verificação de fatos que estão correndo soltos pelo país e como identificar fake news.
3. Comunicação direta e personalizada
Cada vez mais, tecnologias e ferramentas estão sendo usadas para responder a perguntas em tempo real, fornecendo informações diretamente para o público e corrigindo dados errôneos. É o caso de chatbots de diversas ONGs, Tribunais Regionais Eleitorais e até do próprio Tribunal Superior Eleitoral, que já fez uma ação assim em 2022..
Esses canais também permitem um feedback instantâneo dos eleitores, ajudando a identificar novas fakes news que estão surgindo e mobilizando o poder público para desmenti-las.
É fato que as técnicas usadas para disseminar fake news estão mudando e se aprimorando. Mas acredito fielmente que as ferramentas tecnológicas que possuímos conseguirão se adaptar em tempo e enfrentar essas ameaças à altura.
E tão perto das eleições municipais é sempre bom lembrar do nosso papel como cidadãos no debate de propostas sérias e na checagem das informações antes de clicar no botão de "enviar" para nossos amigos.
Caio Borges, country manager da Infobip.