O Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (EximBank) e o governo brasileiro assinaram nesta terça-feira, 20, um acordo para investimentos de até US$ 1 bilhão no Brasil.
O Exim e o Ministério da Economia concordam em identificar opções para usar o financiamento do banco americano nas áreas de telecomunicações (incluindo tecnologia 5G), energia (incluindo nuclear, petróleo e gás e renováveis), infraestrutura, logística, mineração e manufatura (incluindo aeronaves), de acordo com informações da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Na cerimônia de assinatura do memorando, no Itamaraty, em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil está abrindo os horizontes de investimentos.
"Fizemos um acordo com o Mercosul, que estava parado há oito anos, com a União Europeia, parado há 20 anos, fizemos um acordo com a Área de Livre Comércio Europeia. Começamos negociações com Japão, Coreia do Sul, Canadá e chegamos a um grande acordo com os americanos para facilitar o comércio, convergência de marcos regulatórios e anticorrupção", disse Guedes.
Ele acrescentou que o acordo com o Exim "vem no momento exato" em que os horizontes de investimentos em infraestrutura, logística, cabotagem, mineração, petróleo e gás natural estão sendo "desbloqueados".
"O Congresso está aprovando passo a passo cada uma dessas regras de modernização do marco de investimentos e estamos trabalhando com os americanos nos organismos internacionais", ressaltou.
Exclusão da Huawei do 5G
As principais autoridades norte-americanas exortaram o Brasil a monitorar cuidadosamente os investimentos chineses no país e os movimentos de Pequim para expandir sua influência na maior economia da América Latina por meio da venda de tecnologia 5G pela Huawei.
O representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, ressaltou o desejo do governo do presidente Donald Trump de expandir os laços econômicos com o Brasil, mas minimizou perspectivas de um acordo de livre comércio abrangente, dada a atual oposição do Congresso.
Lighthizer disse que os acordos comerciais alcançados com o Brasil abririam o caminho para novas negociações sobre aço, etanol e açúcar e promoveriam maiores investimentos dos EUA, num momento em que Washington se move para fornecer um contrapeso à expansão da China na região.
"Eu diria claramente que há um elemento China em tudo o que todos nós fazemos", disse Lighthizer em evento organizado pela Câmara Americana de Comércio. "A China tem feito movimento muito significativo no Brasil. Eles são o maior parceiro comercial do Brasil, então é algo que nos preocupa."
Os comentários de Lighthizer fazem parte de uma ampla campanha dos Estados Unidos para convencer o Brasil a evitar investimentos em tecnologia 5G da China e reduzir sua dependência das importações chinesas.
O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que o governo norte-americano instou o presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades brasileiras a acompanhar de perto os investimentos e tecnologias avançadas da China, como fez Washington.
"Incentivamos o Brasil a tentar trabalhar junto para garantir que vigiemos a China com atenção no que diz respeito a todos os tipos de tecnologia e telefonia e 5G", disse ele no evento.
"Temos atuado aqui nos Estados Unidos, continuamos avançando, e é minha grande esperança que o Brasil atue conosco", acrescentou. "Esperamos que o Brasil também mantenha um olhar crítico e cuidadoso sobre os investimentos chineses."
O embaixador norte-americano em Brasília, Todd Chapman, alertou em julho que o país pode enfrentar "consequências" se permitir a Huawei em sua rede 5G, referindo-se aos avisos dos EUA de que a China não consegue proteger a propriedade intelectual.
Os EUA intensificaram os esforços para limitar o papel da Huawei na implementação da tecnologia de alta velocidade de quinta geração no Brasil nos últimos meses. Os EUA acreditam que a Huawei entregará dados ao governo chinês para espionagem, uma afirmação que a Huawei nega.
Chapman disse no evento da Câmara de Comércio que Estados Unidos e Brasil pretendem dobrar o comércio bilateral em cinco anos ante valor atual de cerca de 100 bilhões de dólares.
Segundo Chapman, Estados Unidos e o Brasil também estão discutindo cooperação militar de "nível estratégico" e buscando formas de aumentar o intercâmbio de tecnologia. As informações são da Agência Brasil.