A Foxconn, principal fabricante em regime de terceirização do iPhone da Apple, ofereceu cerca de 600 bilhões de ienes (o equivalente a US$ 5,1 bilhões) para adquirir a fabricante japonesa de eletrônicos Sharp, segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto. Se confirmado, o negócio representará a maior aquisição da companhia taiwanesa desde 2009.
A Sharp, que produz telas de cristal líquido (LCD) e televisores, vem amargando prejuízos desde 2012. No seu último ano fiscal, encerrado em março de 2015, a companhia registrou perda de 222 bilhões de ienes. A partir de 2013, ela montou um amplo plano de reestruturação, que incluiu o levantamento de empréstimos junto a alguns bancos.
Antes da Foxconn, a Sharp já havia recebido uma oferta da Innovation Network Corp. do Japão, um fundo de investimento apoiado pelo governo, a qual ainda está avaliando. Segundo o jornal japonês Nikkei, o fundo teria oferecido cerca 300 bilhões de ienes (cerca de US$ 2,6 bilhões).
O anúncio da oferta da Foxconn não foi bem recebido pelas autoridades japonesas, que expressaram preocupação sobre a possibilidade de a Sharp ficar sob controle estrangeiro. Embora a proposta do Innovation Network seja 50% menor, o governo quer que a companhia fique com o fundo, não somente por ser japonês, mas também por já controlar a Japan Display, outra grande fabricante de displays de LCD. Além disso, as autoridades japonesas dizem que as duas fabricantes já compartilham know-how em tecnologia de painéis de LCD de última geração e produção em massa.
Mas, apesar de toda a pressão do governo japonês, o Conselho de Administração da Sharp dificilmente terá como descartar a oferta da Foxconn, já que, além do valor substancialmente maior, a fabricante chinesa se compromete a assumir todas as dívidas da companhia, segundo a mesma fonte. Esta decisão é vista também como uma jogada dos chineses para fazer com que os credores da Sharp pressionem os diretores a decidirem a favor do negócio com a Foxconn.
A favor dos chineses pesa também o fato de a Sharp ter de pagar uma parcela de sua dívida com empréstimos, com vencimento agora em março, no valor de 510 bilhões de ienes (correspondente a US$ 4,3 bilhões), de acordo com a Standard & Poors. Os principais credores da Sharp são o Mitsubishi UFJ Financial Group e o Mizuho Financial Group, para os quais ela deve entre 500 bilhões de ienes e 600 bilhões de ienes.
De todo modo, para tentar acalmar as autoridades e os funcionários da Sharp, a Foxconn declarou que não tem planos de substituir os gestores da companhia nem promover cortes. A expectativa do mercado é que a Sharp e seus credores cheguem a uma decisão no próximo dia 4 de fevereiro, quando está programada a divulgação de seus últimos resultados trimestrais. Com agências de notícias internacionais.