A Via Sat Brasil será a primeira empresa brasileira a apostar no mercado de acesso residencial de banda larga utilizando uma plataforma via satélite, em banda Ka. Segundo o presidente da Viasat Brasil, Antônio Castro, o modelo são as operações existentes na Europa e nos EUA, que já ultrapassam a casa dos 1,5 milhão de assinantes e mostram que a banda Ka pode ser um competidor à altura do ADSL e das operações de cabo. Ele explica que o projeto da Via Sat Brasil deve consumir cerca de R$ 80 milhões em investimentos iniciais no primeiro ano, mas que depois disso, se a demanda se confirmar, o retorno é alto e a empresa atinge o break even. Castro diz que tem alguns investidores locais bancando essa etapa inicial e negocia com alguns grandes grupos nacionais e internacionais a expansão do projeto para 2015, quando um novo satélite deverá possibilitar a expansão da cobertura.
O diferencial da empresa é que ela estará sozinha nesse mercado por pelo menos dois anos, já que toda a capacidade da Media Networks para banda larga é exclusiva da Via Sat Brasil e um novo satélite com banda Ka deve demorar a chegar ao Brasil.
Até agora, explica Castro, com pouco mais de dois meses de pré-cadastro (começou em janeiro) pelo site, sem nenhuma divulgação, a Via Sat Brasil já tem mais de 18 mil pedidos. "Nossa expectativa é ter entre 25% e 30% de nossa capacidade contratada quando lançarmos o serviço em abril", diz o presidente da empresa.
Sem erros
Ele explica que sua empresa já vem atuando há dois anos no mercado de banda larga por satélite, mas em banda Ku, o que oferece muitas limitações de velocidade e equipamentos e implica em custos mais altos para o usuário final. Ainda assim, a Via Sat tem contratos com o Exército, a Dataprev e clientes corporativos espalhados nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. "Mas com a banda Ka podemos não só melhorar o acesso empresarial como entrar no segmento residencial, o que é um grande filão". Ele explica que a Viasat Brasil não vai cometer o mesmo erro das operadoras nos EUA e na Europa, que começaram priorizando as áreas rurais e viram a demanda mais forte nos grandes centros. Por isso, os beams de banda Ka estão concentrados em Estados de maior densidade populacional. "Vamos atender onde tem gente e não tem banda larga dentro dessa área". O entusiasmo de Castro é tal que ele já olha para a segunda fase do projeto, que pretende expandir de três beams de cobertura para 15 beams.
Planos para 2015
"Estamos em fase de contratação do satélite e até abril temos que decidir que outras regiões do Brasil precisarão ser cobertas pelos beams", diz ele. A expectativa é que esse novo satélite esteja disponível para a Media Networks, provedora da plataforma tecnológica, até o começo de 2015. "Com a demanda que estamos tendo, tenho certeza que vai ser viável". Hoje, a Via Sat Brasil tem uma cobertura que chega a cerca de 70 milhões de habitantes, mas que poderá ser de 90% da população em 2015, dependendo da configuração do satélite.
A Via Sat Brasil também começou a conversar com o governo para desenhar um projeto de banda larga popular via satélite. Segundo Castro, as primeiras conversas aconteceram na última semana e a proposta é desenvolver um produto popular que goze de desoneração fiscal. Para isso, o decreto de desoneração do REPNBL publicado no começo desta semana já ajuda, e estão sendo estudadas algumas desonerações que possam ser concedidas dentro do próprio serviço, para incentivar a tecnologia. "Nosso interesse é ter um produto popular", diz o presidente da empresa.
TV paga
Antônio Castro explica que a intenção é lançar junto com a banda larga o produto de TV por assinatura. "A programação está negociada, a plataforma será da Media Networks e só falta sair a licença de SeAC, que já foi pedida", diz ele. Curiosamente, o projeto original da Viasat Brasil era entrar no mercado de TV paga. "Foi aí que chegamos à plataforma da Media Networks e lá vimos a oportunidade de explorar a banda Ka", conta Castro.