Você, líder, não se preocupa com o 5G? Deveria!

1

Há alguns anos, a tecnologia 5G tem sido amplamente discutida no Brasil, pois trará um grande impacto no modo de se comunicar, na transmissão de dados e, principalmente, no acesso à internet. No entanto, um debate político/comercial existente nos bastidores vem atrapalhando muito a sua evolução dentro do país. Como se trata de algo que vai proporcionar profundas transformações nos mais diversos segmentos por não ser específico de apenas uma área, o início de sua implantação gera muito medo, sobretudo, nas corporações. Afinal, esse temor ocorre porque uma empresa fica à espera da outra como uma forma de saber se a sua chegada não é um "fogo de palha".

Prova disso é uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture, feita com 2,6 mil executivos de dez países diferentes. O estudo aponta que a grande maioria (62% dos entrevistados) ainda têm muitas incertezas em relação aos impactos que o mercado sofrerá com o 5G. Esse contingente expressa temores, como a possibilidade de torná-los mais vulneráveis a ataques cibernéticos, por exemplo. Ainda de acordo com o levantamento, as lideranças das organizações acreditam que a maior parte do risco começará no nível do usuário, seja por meio de dispositivos ou de pessoas.

Entre incertezas, temores e desconfiança, alguns pontos são evidentes em relação ao que está para chegar no Brasil. O 5G possibilita um aumento substancial na velocidade de comunicação. Em compensação, reduz e muito o tempo de resposta ou latência, o que diminui o conhecido delay na transmissão. Por outro lado, tem menor complexidade na implementação porque aquelas grandes torres de transmissão muito notadas pela população serão substituídas por outras bem menores e mais fáceis de serem instaladas. Ou seja, possibilitará maior democratização do acesso à internet, já que ocorrerá uma melhoria nos aspectos relacionados com a mobilidade.

Por essas e outras razões, a chegada do 5G ao Brasil é praticamente inevitável como também muito benéfica para a sociedade como um todo. Dessa forma, as organizações terão que se preparar para isso ou para estar à frente das demais empresas como forma de tirar o máximo de proveito possível dessa revolução. Assim, os líderes e empreendedores devem ficar atentos, sobretudo, a três impactos que podem ocorrer:

Modo de consumo

Com esse aumento de velocidade e o acesso mais facilitado, o consumo por intermédio das plataformas móveis vai crescer significativamente. As organizações precisam entender o novo contexto com a chegada do 5G e fortalecer esse canal investindo na experiência do cliente de forma completamente diferente. E os investimentos não podem ser feitos na base do susto, como aconteceu com a chegada da pandemia da Covid-19, quando as empresas de fato perceberam a importância do e-commerce nos seus negócios.

Com o 5G, será possível ter um acesso melhor de qualquer lugar, potencializando o número de clientes e a experiência a ser entregue a esse público, seja de um produto ou um serviço. As empresas poderão fazer suas ações com maior precisão porque haverá mais dados sobre os consumidores trafegando. Consequentemente, mais informações sobre o comportamento e perfil de cada um deles estarão disponíveis. Mas é preciso transformar todos esses dados em insights para favorecer o negócio e usá-los para melhorar a experiência da organização. Vale lembrar que a transformação digital é centrada nas pessoas.

Tecnologia

O 5G por si só é uma nova tecnologia que vai abrir um leque de opções dentro desse novo universo. Vai possibilitar, por exemplo, que a robotização e o IoT – conhecido também como internet das coisas – sejam usados de forma escalável. O mercado vai ter acesso a experiências que vão desde aparelhos mais inteligentes até robôs à distância que fazem uma cirurgia de um modo mais preciso do que já é possível hoje.

Além da medicina, isso vai acontecer em diversos setores, como o Agronegócio e nas indústrias, com a potencialização de tecnologias de precisão, além de proporcionar novos modelos de negócio. Com isso, teremos uma redução nos custos operacionais por intermédio da robotização e redução das falhas.

Outra área impactada por esta tecnologia é, por exemplo, o crescimento do mercado dos veículos autônomos e estradas conectadas. Existem estudos que apontam um impacto substancial no Produto Interno Bruto (PIB) com uma possível redução dos acidentes devido a esses dois fatores no tocante ao tráfego. Esse fato impactará outros negócios como as seguradoras cujos modelos de risco e produtos ofertados precisam ser repensados.

Força de trabalho

Com mais opções de tecnologias, é preciso que os colaboradores sejam desenvolvidos para lidarem com essas novas possibilidades. Mais do que nunca, os conceitos upskilling e reskilling deverão ser aplicados para que o profissional esteja preparado para as novas necessidades. Ele deve, por exemplo, estar preparado tecnicamente de forma mais rápida e trabalhar com as plataformas de IoT, desenvolver habilidades para tratamento de dados, além de outros recursos a serem potencializados pelo 5G.

Essa disrupção poderá reduzir a necessidade de funcionários atuantes em algumas áreas mais tradicionais. É um movimento natural, por isso é o momento certo para se preparar para essas mudanças significativas no mercado de trabalho. Por outro lado, esse colaborador deve aliar a técnica aos desenvolvimentos de soft skills com novas habilidades como protagonismo, autogestão e flexibilidade.

Durante os últimos 30 e 40 anos, essa evolução tecnológica foi exponencial. A sociedade já passou do tempo dos megabytes para pentabytes. Hoje, se fala em computação quântica, em velocidade de transmissão que pode chegar a níveis nunca imaginados. Trata-se de uma uma jornada irreversível. Quem não se requalificar para essa nova realidade, certamente vai ficar para trás.

As organizações e os profissionais precisam se preparar e utilizar toda a criatividade necessária para repensarem seus modelos, tanto de negócios quanto de liderança. Por isso, todas as corporações devem incluir o 5G nas suas estratégias de futuro, pois essa onda gerará um leque gigante de possibilidades. E quanto mais os colaboradores de dentro das empresas refletirem sobre esse futuro, mais fácil será surfar nesse tsunami de tecnologia.

Carlos Baptista,  professor e coordenador no Núcleo de Seleção de Alunos do MBA da FIAP. Especialista em transformação digital, atua como diretor da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano e é co-criador do Modelo Ágil Comportamental (MAC). Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e Portugal.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.