Diariamente, o mundo produz mais de 2 quintilhões de bytes — ou 2 exabytes — que se acumulam na internet. Esse crescimento tende a continuar. Afinal, 90% de todo o conteúdo que temos armazenado hoje foram produzidos nos últimos dois anos. É nesse cenário que surge o termo big data para referenciar o gigantesco volume de informações. O desafio é como processar eficientemente todo esse conteúdo.
Pesquisas revelam que a maioria das companhias ainda não se organizou para este fenômeno que demanda um conjunto de soluções tecnológicas capaz de lidar com dados digitais em volume, veracidade, variedade e velocidade, que até poucos anos atrás não existiam. Na prática, a tecnologia permitiria analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real, sendo fundamental para a tomada de decisões. Também abrange os chamados dados não estruturados que até então só eram compreendidos por pessoas, como e-mails, mensagens instantâneas, documentos eletrônicos, programas de localização como GPS e, principalmente, as redes sociais digitais — Facebook, Foursquare, Twitter, Instagram, Youtube etc.
Por trás da estruturação e unificação de diversas fontes de dados e informações propostas pelo big data está uma grande oportunidade de obtenção da excelência no conhecimento mais adequado e imediato do cliente e do mercado. Essa eficiência está ligada diretamente à qualidade da informação, processada por mecanismos avançados de semântica e classificação de dados e obtenção de uma identidade única do cliente, integrados aos diversos sistemas corporativos.
As organizações precisam entender o big data e como ele pode transformar o negócio em excelentes oportunidades. O dilema agora é sobre "quais são as estratégias e as habilidades necessárias' e 'como podemos medir e ter certeza do retorno do investimento?". Elas entendem que essas iniciativas são críticas, pois identificam novas oportunidades de negócio, e que não podem ser atingidas com as fontes de dados, tecnologias e práticas tradicionais.
Embora a preocupação maior seja sobre como lidar com as informações, pesquisas mostram que os ganhos serão obtidos por aqueles que perceberem o sentido de ampliar a gama das fontes de dados e garantir veracidade e velocidade, bem como a proximidade no relacionamento com seus clientes.
Na expectativa de oportunidades de big data, as organizações de todos os setores estão coletando e armazenando, provisoriamente, uma quantidade crescente de dados operacionais, públicos, comerciais e sociais. No entanto, na maioria dos setores — especialmente no governo, indústria e educação —, combinar estas fontes com "dados obscuros" existentes e subutilizados, como e-mails, multimídia e outros conteúdos corporativos, representa a oportunidade mais imediata de transformar empresas.
É preciso entender que a informação é um dos principais ativos das empresas, ou seja, mesmo não aparecendo como ativos financeiros de um balancete, são ativos duradouros que fazem a diferença entre as empresas e que bem qualificados e administrados, permitem a tomada de decisões mais assertivas. Mas para isso é importante priorizar assuntos como gestão da informação, enriquecimento e segurança dos dados.
De acordo com o Gartner, as tecnologias de big data representarão US$ 34 bilhões dos gastos com TI e criarão 4,4 milhões de empregos até 2015. Uma pesquisa global com CIOs revela que 42% dos participantes planejam sair dos testes e investir, efetivamente, nas soluções voltadas para o big data. Assim, cada vez mais se torna necessário à implantação da cultura voltada para a governança de dados e gestão da informação.
Os profissionais de TI necessitam cada vez mais serem sensibilizados, treinados e doutrinados sobre a importância da informação, ou seja, da transformação de dados brutos em informações relevantes e lucrativas para a empresa. É fundamental envolver os líderes de departamentos, áreas funcionais e outros setores que possam influenciar no resultado da empresa para assim criar uma cultura aberta para estratégia de big data.
Para a maioria das empresas o mundo do big data não será tão fácil, mas aquelas que assumirem a tarefa de abraçar esse conceito como fundamento de suas práticas de análise de negócios ganharão vantagem competitiva sobre seus rivais. Mas este é o momento e não podemos perder a oportunidade de assumir o controle e fazer com que nossa empresa vença a concorrência através da lógica de big data.
*Mara Freitas é gerente de relacionamento da FTI Consulting no Brasil. Especialista com mais de 20 anos de experiência desenvolvida no mercado financeiro em liderança em projetos e processos e na coordenação de estudos e implantação de ferramentas para relacionamento com diferentes tipos de clientes. Ela é formada em matemática pela Pontifícia Universidade Católica (PUC).