O governo francês chamou nesta segunda-feira, 21, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Quai D'Orsay, em caráter de urgência, o embaixador dos Estados Unidos no país, Charles Rivkin, depois que o jornal Le Monde revelou em sua página na internet que a Agência de Segurança Nacional (NSA) fez 70,3 milhões de registros de dados e telefônicos de franceses em um período de 30 dias, entre o fim de 2012 e o início deste ano.
Charles Rivkin foi recebido no Ministério de Negócios Estrangeiros por Alexandre Ziegler, chefe de gabinete do chanceler Laurent Fabius. "Recordamos [ao embaixador] que esse tipo de prática entre aliados é totalmente inaceitável e que precisamos nos assegurar que elas já não ocorrem", disse aos jornalistas o subdiretor para a imprensa, Alexandre Giorgini.
O governo francês pediu que seja dada uma resposta concreta no prazo mais curto possível. A questão também vai ser abordada nesta terça-feira, 22, pelo chefe da diplomacia francesa com o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, em reunião que terão em Paris, antes do encontro que será realizado em Londres, entre os países Amigos da Síria e a Liga Árabe.
"O encontro entre Laurent Fabius e o seu homólogo norte-americano, amanhã, será essencialmente sobre a situação na Síria e as questões regionais, mas este assunto também vai ser abordado", disse Giorgini.
O embaixador americano em Paris já havia sido chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros no dia 1º de julho, depois das primeiras informações sobre a espionagem da NSA na Europa. Na ocasião, a França propôs aos parceiros na União Europeia que a proteção de dados fosse integrada às negociações para um acordo de livre comércio entre a UE e os Estados Unidos. Essa proposta levou à criação de um grupo de trabalho entre as partes, em julho, que se reuniu duas vezes.
Segundo o Le Monde, que cita documentos da NSA divulgados pelo ex-consultor Edward Snowden, os principais objetivos da espionagem americana na França eram suspeitos de ligações com o terrorismo e também personalidades ligadas ao mundo empresarial e político. Com informações da Agência Lusa.