Sem os MSPs, a Internet das Coisas não atingirá a maturidade necessária para dinamizar a economia do Brasil

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A disseminação de dispositivos IoT (Internet of Things, Internet das Coisas) muda o mundo, muda o Brasil.  Segundo pesquisa divulgada pela consultoria Teleco em outubro de 2021, este setor deve gerar mundialmente até 2025 receita estimada entre US$ 3,3 trilhões e US$ 11,1 trilhões – isso representa até 11% do PIB mundial. No Brasil, inovações baseadas em IoT podem adicionar R$ 122 bilhões ao PIB brasileiro até 2025. A tecnologia IoT é múltipla, podendo permear todos os espaços, de plantações de soja a indústrias de petróleo e gás, de casas automatizadas a smart cities.  

Nenhum desses avanços, porém, acontecerá sem a adição, a esse quadro, de um elemento essencial para que o Brasil conquiste uma cultura madura de IoT: os MSPs (Managed Services Providers, provedores de serviços gerenciados).  

Estudo da MarketsandMarkets  de 2020 indica que, até 2026, o mercado global de MSPs deve atingir o valor de US$ 354,8 bilhões. Para o Gartner, marcas como estas são explicadas pela crescente adesão dos MSPs à oferta de serviços gerenciados para infraestruturas IoT. Os analistas do Gartner recomendam que, aos investimentos na infraestrutura IoT propriamente dita, as empresas estudem contratar serviços gerenciados para monitorar esses ambientes, de forma a extrair o máximo valor dessas inovações. Estudo  divulgado pelo Gartner em novembro de 2019 indica que, até 2023, até dois terços dos MSPs que existem no mundo terão ao menos 50% de seu faturamento baseados em projetos IoT. O mesmo estudo indica que essa realidade será extremamente múltipla, com MSPs buscando se especializar em algumas aplicações de IoT. A especificidade das aplicações IoT exige isso: os desafios trazidos para o MSP pela monitoração de uma planta OT de montagem de automóveis são diferentes das tarefas envolvidas em gerenciar remotamente, por exemplo, uma smart city.  

Em todos os casos, cabe ao MSP atuar como um consultor de confiança da empresa que conta com a infraestrutura IoT.  Surgidos para resolver, de forma terceirizada, o desafio de monitorar 24×7 os mais diversos ambientes de networking, os MSPs estão avançando, agora, para a hiper distribuída e hiper especializada era da Internet das Coisas. Ainda segundo o Gartner, o MSP resolve várias demandas das empresas usuárias, como a falta de profissionais com expertise nos diversos mundos IoT e a necessidade de oferecer suporte e resolução de problemas a espaços cada vez mais críticos para os negócios.  

O desafio de gerenciar milhões de dispositivos IoT  

Essa revolução está acontecendo aqui e agora e afetando profundamente os planos de negócios dos MSPs do Brasil e do mundo. Estudo realizado pela  CompTIA  em março de 2020 a partir de entrevistas com gestores de 400 MSPs norte-americanos mostrou que 53% desse universo já oferecia serviços gerenciados para ambientes IoT.  

A mesma pesquisa indica as pedras no caminho dos MSPs que buscam avançar nessa nova oferta de serviços. Em uma resposta de múltipla escolha, 51% dos gestores de MSPs reclamam da dificuldade de contratar profissionais plenamente preparados para monitorar espaços digitalizados por dispositivos IoT. 46% dizem enfrentar dificuldades com a atualização de seus profissionais em relação a novas soluções IoT. O maior grupo (54%) confessa que é uma luta manter atualizado (patching) o hardware dos milhares ou milhões de dispositivos IoT de seus clientes.  

É nesse contexto que entram em cena soluções de monitoração "white label" que entregam, para o MSP e seu cliente, visibilidade e controle sobre as mais diversas tecnologias IoT. O estrito controle orçamentário dos MSPs, que precisam otimizar gastos e ao mesmo tempo manter-se plenamente capazes de resolver os desafios de seus clientes – SLAs rígidos garantem isso – contribui para que esses provedores de serviços busquem plataformas de monitoração que tragam uma visão unificada dos dispositivos IoT, dos ambientes OT e também do mundo de TI.  

Visão convergente de IoT, OT e TI  

Conforme a demanda do cliente do MSP, é possível usar um único dashboard para monitorar os mais diversos ambientes IoT, OT e IT. Se necessário, as melhores plataformas de monitoração geram dezenas ou centenas de painéis de controle mais especializados, capazes de aprofundar a leitura sobre um determinado espaço digitalizado. Isso é estratégico num momento em que, na empresa usuária, experts, por exemplo, em automação industrial (OT) e veteranos gestores de TI precisam ter o máximo controle sobre um ambiente cada vez mais híbrido, cada vez mais distribuído e cada vez mais crítico para os negócios.  

Um dos maiores desafios é, justamente, incluir na plataforma de monitoramento implementada no MSP milhares ou milhões de dispositivos IoT. Trata-se de uma realidade muito diferente da tarefa tradicional do MSP, que costumava monitorar no máximo milhares de componentes de uma rede. Estudo realizado pela Paessler mostra como o profissional do MSP pode usar conectores prontos entre uma plataforma de monitoração e o Active Directory da Microsoft para construir, com produtividade e precisão, um dashboard de monitoração capaz de visualizar milhares ou milhões de dispositivos IoT em ambientes distribuídos.  

O mundo pós-covid será fortemente baseado em ambientes IoT e isso traz desafios para as empresas e os órgãos governamentais que contam com essa tecnologia para garantir serviços essenciais e cada vez mais inovadores.  Quem trilhar esse caminho sem incluir soluções e serviços de monitoração dos heterogêneos ambientes IoT correrá riscos que podem sabotar esse avanço. A maturidade e rentabilidade da economia digital do Brasil nessa década dependem de se evitar esse quadro. 

Luis Arís, gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler LATAM.

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