O Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos está abrindo um processo para impedir a fusão de US$ 85 bilhões entre a operadora de TV por assinatura AT&T e a Time Warner, dona dos estúdios Warner Bros. e de redes de televisão como HBO e CNN. O acordo havia sido originalmente anunciado em outubro de 2016.
A empresa reagiu rapidamente. "O processo do DoJ é uma atitude radical e inexplicável de precedentes estabelecidos no setor antitruste", disse o vice-presidente sênior da AT&T, David McAtee. Segundo o executivo, fusões do tipo – que unem empresas do mesmo ramo, mas que atuam em segmentos diferentes, no caso a produção e a distribuição de conteúdo – são benéficas para o consumidor, pois não afetam o nível de competição do mercado. "Não vemos uma razão legítima para que nossa fusão seja tratada de forma diferente."
Para responder ao órgão de Justiça, a AT&T já começou a produzir um website para listar todos os argumentos em favor do negócio. Rumores ao longo do dia sobre eventual ação do DoJ prejudicaram o desempenho das ações da operadora no fim do pregão de ontem.
A decisão do Departamento de Justiça foi tratada como polêmica, uma vez que o presidente americano, Donald Trump, tem comprado brigas públicas com a rede CNN, que faz uma cobertura crítica à sua administração.
Isso levou a comentários de que a ação poderia ter motivações políticas. Em declaração à agência de notícias Bloomberg, a porta-voz de Trump, Sarah Huckabee Sanders, afirmou que não tem informação "sobre alguma ação específica da Casa Branca" relacionada ao caso.
Restrições
No Brasil, o Cade já impôs, em outubro, restrições à fusão da AT&T com a Time Warner, justamente por se tratar de um negócio que une dois tipos de negócios sob um só "guarda-chuva".
Aprovada em 2011, a Lei de Acesso Condicionado (SeaC), que regula o mercado de TV paga no País, não permite que um grupo que produza conteúdo tenha controle sobre operadoras de TV paga ou telefonia, para evitar concentração de mercado e troca de informações privilegiadas.