O mercado fala em nuvem, em analytics, em business intelligence, mas temos um problema à frente: a infraestrutura de rede das empresas operando no Brasil. Nacionais ou multinacionais, é comum deparar-se com uma infraestrutura antiga, e que terá problemas para abarcar essas novas tecnologias que têm despontado. Pior, a concorrência mais atualizada acaba por ganhar vantagem na oferta do serviço.
Essa constatação não é somente fruto da experiência do dia-a-dia. Em março passado, o Gartner divulgou dados que apontam exatamente nessa direção: infraestrutura e datacenter estão no topo das prioridades do gestor brasileiro. Quer outra informação importante? Um estudo feito pela Intel em nível global, e publicado no ano passado, afirma que a infraestrutura atual das empresas é ineficiente, antiga e cara. Ao menos 30% dos servidores têm mais de quatro anos, e isso faz com que o OPEX represente 74% dos investimentos em TI e CAPEX, 26%.
Mas por que agora? E em um ano de poucos investimentos, como resolver essa equação?
A resposta para a primeira pergunta é mais simples: anos e anos de investimentos escassos em infraestutura – mesmo quando havia mais recursos para investir. E isso aconteceu em parte porque havia (e ainda há) um legado enorme e caro, voltado principalmente para a eficiência das operações internas. Não havia um foco tão específico em tecnologias que iriam além da nuvem da empresa, e outras ferramentas empresariais, focadas em business intelligente e business analytics sempre estiveram por último na pauta do CIO brasileiro. Acontece que, seja por exigência do mercado, necessidade estratégica, imposição da matriz, ou simplesmente por atualização tecnológica, as empresas que encararem o desafio de reestruturar sua infraestrutura certamente passarão esse segundo semestre de 2015 e 2016 nesta tarefa.
Tarefa essa, aliás, mais do que necessária, inclusive, para aumentar a eficiência e reduzir custos. Só quem lida com um legado desatualizado sabe o quanto é caro e complexo. Falta de mão-de-obra especializada é apenas um dos problemas.
O segundo ponto é: como, em um ano de recursos tão escassos, fazer investimentos em infraestrutura? A resposta é simples. É preciso fazer as escolhas certas. É preciso fazer um trabalho extenso de assessment da estrutura atual e definir, de fato, quais são as prioridades, de acordo com a necessidade do negócio. Você não vai conseguir substituir tudo do zero, mas é possível fazer escolhas que vão trazer mais eficiência à operação, diminuindo custos e gerando rentabilidade.
Não é raro encontrar empresas que compram uma quantidade massiva de equipamentos que levam meses para serem ligados, se é que um dia serão. Em momentos em que o cuidado com a escolha da tecnologia e da estratégia é importante, é necessário que o gestor de TI saiba exatamente o que está comprando, para não levar gato por lebre e se arrepender meses depois.
Rogério Costa, CEO da Broadtec.