O Boston Consulting Group (BCG) anuncia a publicação global da 24ª edição anual do Value Creators Ranking, que classifica empresas de capital aberto com base no retorno anual total para o acionista (TSR, ou Total Shareholder Return). A lista deste ano aponta que companhias de setores da indústria impulsionados pela inovação, como tecnologia, tecnologia médica, infraestrutura financeira e energia verde, superaram todas as demais indústrias no TSR entre 2017 e 2021, e dominam os dez primeiros lugares do ranking geral. Já os mercados de petróleo, turismo e automotivo foram os mais desafiados em termos de criação de valor.
Na edição de 2022 do ranking do BCG, a Shopify, plataforma de e-commerce canadense, aparece em primeiro lugar na classificação geral como empresa que mais deu lucro aos seus acionistas no período. A Tesla figura em segundo lugar e a empresa de software australiana Atlassian, em terceiro. Na classificação por setor, algumas empresas brasileiras tiveram destaque na lista, como Magazine Luiza (2ª colocada em Varejo), Localiza Rent a Car (7ª, em Viagem e Turismo), Vale (10ª, em Mineração) e Gerdau (10ª, em Metais).
Apesar de uma contínua liderança das empresas de tecnologia e inovação, o primeiro trimestre de 2022 viu o fim da alta de um mercado que durou, com apenas breves interrupções, mais de uma década. Até meados de abril deste ano, o TSR médio acumulado do ano do setor de tecnologia foi de -20%, em comparação com um TSR anualizado de 30% de 2017 a 2021. O setor também experimentou a maior queda absoluta em valor. Mesmo assim, o TSR médio do ano da indústria de tecnologia está alinhado com o de outras indústrias atingidas por essa queda, como fornecedores automotivos, moda e luxo.
Nas áreas de tecnologia médica, infraestrutura financeira e energia verde, para 2022, os TSRs médios acumulados são de 10% a 15% negativos, em comparação com os TSRs anualizados que excederam 20% de 2017 a 2021. O ranking destacou que a queda no TSR foi menos extrema em setores que tradicionalmente eram mais resilientes, como grandes empresas farmacêuticas, concessionárias e provedores de serviços de comunicação.
"As empresas enfrentam uma série de desafios pós-pandemia, como inflação, taxas de juros crescentes e uma recessão iminente. No longo prazo, o equilíbrio entre buscar crescimento e lucratividade será essencial, assim como fazer os investimentos certos em vantagem competitiva, inovação e otimização de portfólio", afirma Heitor Carrera, diretor executivo e sócio sênior do BCG.
"Ao avaliar os investimentos, as empresas devem estar cientes de que boas oportunidades de criação de valor geralmente acontecem em tempos de crise. Negócios de fusões e aquisições feitos durante momentos menos aquecidos tendem a superar aqueles realizados enquanto os mercados estão em alta", complementa o executivo.
América do Norte e Ásia-Pacífico demonstram melhores desempenhos globais
Enquanto empresas da América do Norte e Ásia-Pacífico ainda apresentam os melhores desempenhos globais, as europeias recuperaram fôlego em relação ao ano passado e estão agora representadas proporcionalmente nos 10 melhores rankings da indústria. Especificando países, os Estados Unidos apresentaram a reversão de TSR mais substancial em 2022, no acumulado do ano em relação ao período de 2017 e 2021. Em contraste, o TSR acelerou para empresas em alguns mercados emergentes, como Brasil, Malásia e Cingapura.
No entanto, as circunstâncias mudaram drasticamente desde o início de 2022. Até meados de abril, os mercados globais corrigiram o acumulado do ano em mais de 15%, estimulados pelo reconhecimento de que a inflação alta persistiria por mais tempo do que muitos investidores haviam previsto. O impulso descendente acelerou depois que a Rússia invadiu a Ucrânia. Mas indústrias e países não foram afetados igualmente.
"O risco geopolítico está em seu nível mais alto em décadas, e o potencial impacto de longo prazo da guerra na Ucrânia se estende muito além dos preços dos materiais e das cadeias de suprimentos. Para ter sucesso, as empresas devem compreender suas exposições a riscos de forma abrangente, gerenciá-las de maneira eficaz e priorizar os investimentos corretos de longo prazo", finaliza Heitor Carrera.