Os gestores empresariais vivem uma perigosa situação de isolamento, que vai exigir nos próximos anos programas de desenvolvimento direcionados exclusivamente para as pessoas que tomam decisões nas corporações. O alerta consta de um estudo feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), divulgada durante o Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, realizado esta semana em São Paulo.
Segundo Christian Orglmeister, diretor do BCG, o estudo "Como lidar com os desafios mundiais na área de RH até 2015" apresenta uma visão abrangente das práticas de RH em 83 países, onde foram ouvidos 4,7 mil profissionais. "Em todo o mundo, a pesquisa aponta tópicos que vão exigir ação imediata das empresas, entre os quais aparece clara e urgente a necessidade de otimizar o desenvolvimento das lideranças das empresas. No Brasil, esse tópico também aparece, acompanhado de outras necessidades urgentes como otimizar a gestão de desempenho e recompensas, associada à necessidade de um maior equilíbrio entre vida e trabalho", explica.
Orglmeister assinala que a necessidade de preparação das lideranças é o reflexo claro de uma posição vulnerável na qual se encontram os líderes de empresas, virtualmente isolados nas companhias e tomando decisões sem poder compartilhar a responsabilidade com pares.
"Os executivos, os presidentes, as lideranças das empresas estão expostas a uma situação vulnerável, ou seja, precisam tomar decisões sobre temas cada vez mais complexos, mas o fazem cada vez mais isolados, correndo riscos consideráveis. Por essa razão, o que a pesquisa nos diz é que teremos, nos próximos anos, investimentos cada vez mais significativos das empresas no desenvolvimento de programas de suporte às lideranças para que elas tenham com quem compartilhar decisões", assinala Orglmeister.
Talentos externos
Outra tendência que a pesquisa do BCG aponta para os próximos anos, especialmente no Brasil, é a necessidade de buscar talentos em outros países, principalmente os mais próximos, como Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Venezuela. Orglmeister assinala que a escassez de talentos é algo constatado mundialmente e que o Brasil terá que buscar profissionais talentosos em outros países da América Latina.
"As áreas de recursos humanos das empresas brasileiras precisarão aprender como buscar talentos internacionalmente. Nossa experiência global como consultoria nos mostra que há muitos talentos em outros países latino-americanos como a Argentina, por exemplo, mas isso exigirá, adicionalmente, ações complementares de gestão e integração culturais", comenta.