Os cursos atuais não dão conta de atender a demanda por profissionais de TI para a saúde e especialistas preveem um sério entrave para o desenvolvimento do setor no longo prazo. O assunto foi tema do 3º Fórum Saúde Digital, evento promovido nesta quarta-feira, 22, pela revista TI INSIDE, em São Paulo.
Por mais que o setor de TI enfrente escassez de mão de obra como um todo, para o diretor técnico do Departamento de Saúde do governo do estado de São Paulo, André Luiz de Almeida, o problema será agravado. "A demanda por profissionais para a saúde é ainda maior, pois crescemos a níveis superiores que o mercado de TI. Além disso, há pouquíssimos cursos voltados para a área, com alta necessidade de especialização", argumenta.
Segundo diretor de educação e capacitação da Sociedade Brasileira de Informática e Saúde (SBIS), Renato Sabbatini, área é essencialmente interdisciplinar e combina dois setores totalmente diferentes, dificultando ainda mais a absorção de pessoas atuando em outras áreas. "Por ano, formamos não mais que 200 especialistas. São apenas dois cursos de bacharelado em todo o país", lamenta.
A SBIS lançou no ano passado o Programa de Profissionalização da Informática em Saúde (proTICs), com uma série de medidas para atingir 10 mil trabalhadores qualificados até 2020, sendo 400 deles atestados com o Certificado Profissional em Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (cpTICs). O plano de carreira desenvolvido pela SBIS engloba a o preparo em três eixos de competência: TICs (gestão de tecnologia da informação e comunicações), saúde ( serviços clínicos e sistema de saúde brasileiro) e gestão (gestão de projetos, gestão organizacional e comportamental, vigilância, controle e avaliação).
Almeida elogia a iniciativa, mas a considera insuficiente para atender às necessidades do país. Ele cita como exemplo mercados maduros como os Estados Unidos, que passaram por essa fase há cerca de dois anos, com a criação de programas de incentivo de modernização da saúde pelo governo federal. "A situação é pior que importarmos executivos, impedindo a mão de obra local em cargos de liderança. É possível notar a barreira para a atuação de novas companhias no mercado nacsional simplesmente porque não há ecossistema de recursos humanos", defende.