Fábrica da Apple obriga turno dobrado, com chá e biscoito

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Dias depois de o presidente-executivo (CEO) da Foxconn, Terry Gou, ter comparado seus funcionários a animais, outro fato chama atenção sobre as condições de trabalho em outra empresa chinesa fornecedora da Apple. Sem ter o nome revelado, uma reportagem do The New York Times, após conversar com empregados e ex-trabalhadores de uma fabricante de iPad e do iPhone em regime terceirização, expôs a dura realidade dos operários.

Um diretor da fabricante em questão atribui à "agilidade" chinesa a escolha da Apple de terceirizar a produção de seus equipametnos para empresas do país, em vez de mantê-la nos Estados Unidos. Ele contou um episódio no qual houve a necessidade de mudança de última hora no design das telas do iPhone. Segundo ele, cerca de 8 mil operários foram retirados da cama à noite, cujos dormitórios ficam dentro da fábrica, e encaminhados para a linha de montagem. "A cada empregado foi dado um biscoito e um copo de chá, enquanto se dirigia sua bancada de trabalho", disse ele. Meia hora depois, havia começado um turno extra de 12 horas para recolocar as telas de um novo aparelho. Em apenas quatro dias, a planta produziu 10 mil iPhones por dia. "Nenhuma fábrica dos Estados Unidos consegue alcançar este ritmo", completou.

Mesmo com relatos de jornadas extenuantes, a Apple diz que a contratação de fábricas chinesas não se deve ao baixíssimo custo da mão de obra. Além disso, diz não admitir a exploração de trabalhadores. Ela alega que a opção se deve aos baixos custos com logística, compensados pela localização da China.

Na reportagem do jornal americano, as fontes afirmam que a empresa faz questão de ressaltar que o custo dos operários é ínfimo em comparação às despesas com a compra e o transporte de componentes, 90% deles fabricados fora dos Estados Unidos. Semicondutores avançados vêm da Alemanha e de Taiwan, a memória, da Coreia e do Japão. Telas e circuitos são provenientes da Coreia e de Taiwan, chips da Europa e metais raros da Africa e da Ásia. A empresa defende que a China é a "melhor opção" para montagem dos equipamentos.

A reportagem cita o custo do iPhone fabricado na China, em torno de US$ 8 dólares. A título de comparação, no Brasil, o mesmo modelo do smartphone é vendido por cerca de R$ 3 mil (sem o plano de fidelidade da operadora).

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