Em um mundo cada vez mais automatizado, a popularização da IoT tem como consequência uma queda significativa nos seus custos, possibilitando que um maior número de empresas empregue e use essa tecnologia, visando um aumento de eficiência e agilização em suas operações.
A sexta edição do IOT Business Forum, promovida pela TI Inside, que começou nesta terça-feira, 22, contou em seu primeiro painel com executivos que mostraram na prática os usos, benefícios, exemplos e modelos de negócios envolvendo IoT e tecnologias associadas.
Para Pedro Peixoto, co-fundador da 10b e membro do conselho de administração da Rúmina, a popularização da IoT, foi exatamente o propulsor do uso de tecnologia em ambientes antes nunca pensado para emprego de tecnologias disruptivas, como é o caso da Rúmina, que atua no ecossistema da pecuária de leite, e em breve, na de corte.
"Uma das grandes dificuldades da pecuária de leite, apesar de todos os softwares e outros elementos de gestão digitais, já utilizados neste segmento, a falta de automação dos processos e custos altos tornavam este aporte de tecnologia proibitivos", explicou o executivo. "Mas como a maioria das fazendas já tinham algum tipo de gestão digital, a instalação de sensores que não atrapalhasse o dia a dia do manejo do gado leiteiro e se integrasse aos sistemas administrativos dessas fazendas foi um grande ganho. E por essas características conseguimos unir grandes players desse mercado e dessa forma pudemos atuar no dia a dia da gestão dos dados , na gestão dos fornecedores e da produção de leite etc.", explicou.
Segundo o executivo, a tecnologia de IoT hoje já está bastante integrada na indústria do Agro e são várias as soluções implantadas com sucesso. "Mais que somente automatizar a coleta de dados, o IoT possibilitou a este setor avançar nas análises preventivas, preditivas , de mercado e até mesmo da sazonalidade, a ter insights importantes para todas as etapas dos processos e atingir um grau de maturidade significativo", reiterou.
Da mesma forma, Lucas Pinz, diretor no Grupo Energisa, mostrou que a tecnologia IoT na área de produção, transmissão, comercialização de energia elétrica, impulsionou os negócios no Brasil.
"O emprego de IoT neste campo tem como propósito trazer mais inteligência e eficiência no setor, e se apoia nela para implementar cases que unem AI e outras tecnologias habilitadoras que visam melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços que queremos levar aos consumidores", ressaltou o diretor da Energisa.
Pinz mostrou o caso de uma comunidade isolada no Estado do Acre – Vila Restauração – uma comunidade entre 700 e 800 habitantes – que viviam apenas com 2 a 3 horas de energia ao dia geradas a diesel. "Com o desenvolvimento do projeto pudemos levar energia, 24 horas/dia, por meio de uma fazenda de geração de energia solar e seu armazenamento. Cada etapa do projeto da usina até a medição nas residências e suporte de serviços foi desenvolvida com suporte tecnológico, Machine Learning e Analytics e outros serviços desenvolvidos com usode IoT", explicou.
Além desse caso, a empresa também desenvolveu outros projetos como o Religador Monofásico atuado à distância para manutenção preditiva de redes de energia em locais remotos, que permite através de sensores, monitorar uma série de parâmetros importantes e antecipar falhas e aumentar a vida útil dos equipamentos que já está sendo produzido para várias companhias de energia na América Latina e nos estados Unidos, bem como um outro caso de projeto que desenvolveu um aplicativo que utiliza imagens de satélites, e avalia em campo, os ativos das companhias produtoras de energia como postes, transformadores e tudo em volta da rede de distribuição, especialmente o crescimento de vegetação, fazendo um mapeamento de áreas para manutenção como poda ou acidentes com árvores, por exemplo, permitindo que sejam feitas podas, previsão de crescimento da vegetação em torno das redes, além de outras funcionalidades , para acompanhamento dos ativos das empresas.
Andre Martins, CEO da NLT, lembrou que todos estes ganhos reais, mostrados nestes projetos, são possíveis graças ao próprio ecossistema da IoT e como a tecnologia se sustenta fundamentada nos pilares da conectividade, rapidez e acessibilidade.
"Há uma estimativa que existirão até 2026 mais de 26 bilhões de dispositivos de IoT conectados. Mas a IoT não se trata apenas de conectar o dispositivo ao um sistema, mas a integração dessas informações de forma lógica para obtenção de dados relevantes e analíticos que levem as empresas a realizarem manutenções preditivas em suas máquinas , que nos permite levantar informações precisas sobre pacientes aos seus médicos que terão diagnósticos e acompanhamento mais eficaz aos seus pacientes", disse.
"O uso dessa tecnologia possibilita que grande parte dos recursos naturais sejam utilizados de forma mais assertiva e parcimoniosa. Nossa meta enquanto empresa é diminuir essa preocupação e integrar o ecossistema de IoT ao que já existe nas empresas e dar acesso aos clientes para que tenham a liberdade de escolher sua plataforma e gerenciar seus negócios e os dispositivos como ele quiser e puder usar. Somos um meio que está imbuído de tecnologia", explicou o executivo.
Murilo Silva, diretor de Soluções e sócio na fuse IoT, não hesita em dizer que a IoT melhorou o mundo e a vida das pessoas. "E sem dúvida todos os números que envolvem o tema são grandiosos. Estudos preveem US$1 trilhão de crescimento de IoT para 2023, seja nas áreas de produtividade humana, manutenção de equipamentos, otimização de operações, segurança e proteção e gestão de ambientes.", destacou o executivo.
Continuando nos números, Murilo Silva ainda ressaltou que U$S 1, 4 trilhão a US$ 3, 3 trilhões serão destinados à tecnologia até 2030 em fábricas e manufaturas. "O setor da agroindústria terá aproximadamente U$S 250 a 520 bilhões de investimentos e serão utilizados na manutenção preditiva entre U$S 260 a 460 bilhões. Enquanto que estas mesmas pesquisas apontam que 35% dos executivos relatam que estão pensando em IoT, em 2020, para aceleração da digitalização em suas cadeias de abastecimento", aponta.
Ele destaca que este grande número revelam uma preocupação dos vários segmentos da economia na automação de processos e em paralelo uma preocupação de conhecer e absorver conhecimento, especialmente no Brasil, para além do engajamento, criação de grupos de discussão , acompanhamento do mercado e networking focado em IoT para amadurecimento do mindset/preparação de budgets e poder optar por soluções customizadas e ter um ROI mais assertivo.
Alexandre Dal Forno, head of Corporate Marketing & IoT na TIM Brasil analisa o momento brasileiro diante do IoT, como de grande maturidade. "Indicativos disso são a quantidade de casos realizados com resultados muito importantes, além das várias conectividades e soluções diferentes empregando IoT que estão mudando os negócios", reforçou.
Como contou o executivo, a TIM realizou uma pesquisa que aponta como as empresas estão se conectando o ecossistema IoT e desse grupo pesquisado se obteve o indício de que U$S 11 milhões em investimento serão realizados neste campo, sendo que 70% das empresas têm projetos com a tecnologia em andamento, já tendo feito investimentos de mais de US$ 1 milhão, nos últimos anos.
"Isso mostra que há uma mudança do mercado com o objetivo de ter uma mudança de eficiência, produtividade e qualidade. Mas ao mesmo tempo isso não ocorre tão simplesmente pois há muitos desafios para integração, segurança e de governança", salientou o executivo.