Muito se tem falado que dados são o novo ouro e cada dia mais essa afirmação se confirma! Da mesma maneira, parece ser consenso que a incorporação de novas tecnologias aos serviços prestados às atividades jurídicas e securitárias está atrasada em relação a outros setores como Auditoria/Consultoria, Financeiro e até mesmo do Jornalismo.
Justamente desta dificuldade de quebrar as barreiras tradicionais de setores com experiência e conceitos arraigados de séculos surgem as Lawtechs/Legaltechs e as Insurtechs.
Esses novos tipos de empresas, normalmente criadas por pessoas jovens ou com visão disruptiva sobre a forma como as coisas funcionam em seus mercados – StartUps – introduzem elementos de tecnologia e software no fornecimento dos serviços, rompendo com as tradicionais formas de entrega, para fornecer serviços de uma forma realmente inovadora, repetível e escalável, resolvendo um problema/dor de seus clientes.
Talvez o exemplo mais próximo seja o das Fintechs que, desde a metade da década passada começaram a incomodar os tradicionais bancos.
Com estruturas mais leves e conectadas à necessidade real do cliente, essas Startups – como Nubank, Ebanx, Stone, PagSeguro (Unicórnios – com avaliação superior a 1 Bilhão de Dólares) – desafiaram o mercado, trazendo um melhor atendimento ao consumidor e um desafio de melhoria e adaptação para os centenários Bancos brasileiros.
Da mesma forma esse fenômeno começa a se desenvolver no mundo jurídico. O advogado tradicional que não conseguia apresentar respostas às tradicionais perguntas de seus clientes como "Quais a chance de ganhar o processo?", "Quanto tempo ele demorará?" e "Devo fazer um acordo?" – agora já possui ferramentas e dados para respondê-las.
Na próxima década, a tecnologia irá alterar radicalmente o Mercado Jurídico, sendo que novas formas de prestação dos serviços surgirão, novos fornecedores entrarão no mercado e o trabalho dos tribunais serão transformados. A menos que os agentes se adaptem, diversos negócios jurídicos fecharão as portas, sendo que, por outro lado, uma nova gama de oportunidade surge para empreendedores e jovens advogados criativos.
As Lawtechs já são uma realidade no Brasil e no mundo e facilitam o trabalho do advogado aumentando sua produtividade (com a automação de atividades repetitivas) e garantindo uma maior assertividade de suas conclusões. De outro lado, a advocacia artesanal vê seu espaço reduzido.
Isso vale para o tradicionalíssimo mundo do seguro, com seus mais de 400 anos (desde a fundação do Lloyd's londrino e o mundo moderno do seguro), e que atualmente começa a ser chacoalhado pela capacidade de gestão de informação de eventos passados (como modelagem estatística e análise preditiva – como aplicado no universo das Lawtechs) e pela dinamização da relação entre segurado/cliente, corretora e seguradora
Aqui temos a mesma solução de dores dos clientes dos bancos, com um ferramentas tecnológicas que trazem maior dinamismo no atendimento, reduzindo a necessidade de intermediação dos corretores, tornando a conversa mais fluída e acelerando os processos de contratação e indenizações
De outro lado, o enorme volume de dados disponíveis (Big Data) permite que com ferramentas tecnológicas, quase qualquer risco/situação possa ser objeto de análise, subscrição e criação de seguro específico para cada necessidade com alto grau de confiabilidade dos resultados.
Inclusive, dentre os riscos analisados, estão aqueles relacionados aos processos judiciais, nas relações entre empresas e seus consumidores, indústrias e seus trabalhadores e governo com a população. Daí o surgimento de seguros para a cobertura dos riscos jurídicos, como de Responsabilidade Civil para Relações de Consumo da EHTS e da MDS Insurance
Não é por outro motivo que grande parte dos investidores, veem as Insurtechs como o mais novo filão do já lotado mercado de Fintechs e o novo centro de surgimento de unicórnios brasileiros.
Se os dados são o novo ouro, há que se aproveitá-lo, minerando e se adaptando!
Fabio Floh, CEO da EHTS, advogado e Doutor em Direito pela USP com quase 20 anos de experiência em cargos de gestão de Departamentos Jurídicos (Parmalat/LAEP) e Escritórios de Advocacia (Tozzini Freire, entre outros).