O principal empecilho para a implantação de uma política móvel de serviços no setor público se deve a falta de preparo, do ponto de vista gerencial, das instituições governamentais para perceber os benefícios do M-Gov. Esta foi uma das causas apontadas por 81,67% dos entrevistados em uma pesquisa realizada pelo Instituto Conip, entidade não governamental voltada ao fomento da tecnologia e inovação no setor público, para o desenvolvimento dos serviços móveis na área pública.
Outro obstáculo, citado por 80,42% dos entrevistados, principalmente pelos representantes do setor privado, foi o o custo dos serviços das operadoras, que inviabilizam os projetos.
Apresentado nesta segunda-feira (23/4), durante a abertura do evento M-Gov 2007 – Cidadania Móvel, que acontece até esta terça-feira (24/4), em São Paulo, o estudo ouviu 30 representantes do governo, setor privado e entidades de ensino, que compõem a equipe de conselheiros do Conip.
O levantamento também procurou saber quais seriam os fatores impulsionadores da mobilidade no governo. Os representantes apontaram como maior destaque "aplicações efetivamente focadas em soluções do interesse do cidadão" (94,16%), seguidas por "investimentos na disponibilização massiva de novos serviços públicos em dispositivos móveis" (84,17%).
O setor apontado pelos entrevistados como o mais propenso a ter o que no jargão é chamado de "killer application" (a aplicação capaz de fomentar a adoção da mobilidade nos serviços públicos) foi o de saúde, principalmente aplicações voltadas ao agendamento e confirmação de consultas, alerta de exames, vacinação, dispensação de medicamentos, fila de transplantes, prontuários e informações ao usuário.
"Os resultados levantados são muito importantes porque, pela primeira vez, é possível enxergar com clareza o cenário de mobilidade no setor público. E, mais do que isso, a tendência de que, acompanhando a convergência já identificada em outros segmentos, a utilização de serviços móveis assumiu caráter de urgência nos planejamentos e investimentos dos gestores. O cidadão exige melhores serviços e a mobilidade é uma ferramenta para atender a essa necessidade", avalia o presidente do Conip, Vagner Diniz.
Segundo ele o estudo vai permitir que os gestores possam direcionar melhor seus investimentos, levando em consideração não apenas o retorno que possam obter, mas sabendo também das dificuldades que encontrarão e como atender melhor o cidadão.