Na última sexta-feira, 20, a PROTESTE – Associação de Consumidores, recebeu um comunicado do Facebook Irlanda, que é o controlador de dados da plataforma para todos os usuários que não se encontram nos Estados Unidos e Canadá, dizendo que a transferência de dados para Cambridge Analytica, por meio da empresa GRS Limited, ocorreu sem a autorização do Facebook, constituindo uma violação da política de uso da rede social.
No comunicado, enviado por correio e assinado pela diretora de proteção de dados do Facebook, Yvonne Cunnane, a companhia esclarece que qualquer compartilhamento do app desenvolvido pela empresa GRS Limited, do professor da Universidade de Cambridge, Aleksandr Kogan, com a Cambridge Analytica foi um ato independente e em flagrante violação às políticas de uso do Facebook.
Em desacordo com a informação anterior manifestada pelo próprio Facebook – segundo a qual mais de 400 mil usuários brasileiros do Facebook poderiam ter sido atingidos – a diretora afirma, baseada em pronunciamento de Kogan, que apenas dados de consumidores norte-americanos foram utilizados.
A diretora enfatiza providências de seguranças que vêm sendo tomadas desde 2014, repetindo informações já publicadas por Mark Zuckerberg. Segundo ela, desde 2015, as formas de acesso à plataforma vêm sendo seriamente restringidas, pois, após denúncias do jornal The Guardian de que o doutor Kogan havia compartilhado informações do seu app com a Cambridge Analytica, ambos foram banidos do Facebook e notificados a deletar todos os dados impropriamente adquiridos.
A PROTESTE havia feito um pedido de respostas com a rede social no dia 11 de abril, em conjunto com organizações que compõem a Euroconsumers, composta também por Test-Achats na Bélgica, OCU na Espanha, Altroconsumo na Itália, Deco Proteste em Portugal. No dia, foi realizada uma reunião entre as organizações e o Facebook, em Bruxelas, na qual três pontos foram abordados:
– Compensação para todos os consumidores afetados pelo escândalo da Cambridge Analytica;
– Compensação também para todos os demais consumidores que possam vir a ser identificadas como vítimas do uso indevido de seus dados, por meio de aplicativos que operam na Plataforma do Facebook, como poderá ser evidenciado pelas investigações em andamento;
– Disposição do Facebook em trabalhar em conjunto com a Euroconsumers para colocar os consumidores de volta no controle de seus próprios dados, de forma que possam ser os únicos gestores de suas próprias informações.
De acordo com a PROTESTE, o Facebook se comprometeu a apresentar, até dia 25 deste mês, soluções para cada um dos três pontos apresentados.