Copa 2014 x Segurança Digital

0

Há alguns meses temos acompanhado diversas discussões e matérias envolvendo a questão da segurança digital (cybersegurança) durante a Copa do Mundo de 2014. Alguns especialistas chegaram até a prever um "apagão digital", o que, felizmente, não aconteceu. Porém, o fato de não termos experimentado um evento tão expressivo e prejudicial, não significa que está tudo bem.

É certo que alguns usuários mal intencionados da internet têm se aproveitado do tema "Copa do Mundo" para atacar empresas, governos e usuários domésticos de várias formas.

Emails maliciosos relacionados ao tema, por exemplo, já têm circulado há algum tempo, levando vários usuários a clicar em links com supostas ofertas ou até mesmo notícias/fotos de jogadores. No entanto estes e-mails nada mais são do que disseminadores de códigos maliciosos que podem capturar dados ou permitir o controle remoto do computador da vítima.

Outro exemplo são os recentes e constantes ataques dos ativistas digitais, que estão se aproveitando do momento Copa para promoverem suas ações, já que neste período podem alcançar maior cobertura da mídia, o que contribui para a finalidade da maior parte dos ataques que é manchar a imagem e reputação do governo.

Neste passo, considerando que a Copa coloca o Brasil em posição de destaque e que a imprensa mundial está com os olhos voltados para o país, qualquer falha banal e normalmente aceitável, pode se tornar um desastre para a reputação do país.

Os ataques DDoS, geralmente perpetrados pelos grupos ativistas, que indisponibilizam sites e serviços, também acabam comprometendo a reputação técnica do Brasil, pois demonstram vulnerabilidade dos sistemas brasileiros, assim como o recente ataque ao Itamaraty, que causou o vazamento de informações diplomáticas confidenciais.

A Copa não deixou o Brasil mais vulnerável, tendo em vista que qualquer falha explorada (seja por grupos ativistas, seja por usuários mal intencionados), já estava lá. O evento somente aumenta a criticidade dos problemas ocorridos neste período, que podem ser transformados em verdadeiros escândalos pela mídia internacional.

De qualquer forma, a segurança digital no Brasil tem atraído cada vez mais a atenção do governo e também das empresas, tendo em vista o crescente aumento de ataques e perdas sofridas.

Muitas empresas ainda preferem ocultar eventuais incidentes envolvendo a cibersegurança dos seus sistemas, com medo de comprometer a credibilidade dos seus serviços ou, de um modo geral, a marca da empresa. Porém, este comportamento tende a mudar.

Recentemente foi criado um Manifesto pela Segurança Cibernética no Brasil, apoiado por diversas empresas e profissionais da área (http://www.cyber-manifesto.org/). Este movimento deve fomentar a inclusão da cibersegurança como um dos princípios fundamentais para uma governança corporativa adequada.

Podemos concluir que o assunto envolvendo segurança digital, no Brasil e no mundo, não se trata de um problema pontual que merece destaque e atenção somente em determinados períodos, mas sim uma questão de deve ser tratada de forma sistêmica, com envolvimento de profissionais cada vez mais preparados para lidar com as incidências.

Igualmente, o ambiente digital se mostra uma ameaça também para os usuários comuns, que carecem de melhor orientação quanto ao uso seguro da internet.

Assim, enquanto as autoridades mundiais enfrentam o desafio de tornar o ambiente digital menos vulnerável, preparando os usuários para que façam um melhor uso da internet, algumas dicas básicas ainda podem ajudar a evitar alguns problemas. São elas:

– Use senhas "fortes", combinando caracteres numéricos e alfanuméricos (combinando letras maiúsculas e minúsculas);

– Evite utilizar computadores públicos (cyber cafés, lan houses, etc) para realizar transações bancárias ou serviços que exijam senhas;

– Mantenha seu computador com um antivírus confiável e sempre atualizado;

– Jamais execute arquivos ou links de e-mails suspeitos!;

– Não realize compras em sites desconhecidos. Antes de concluir qualquer compra pela internet, pesquise sobre a reputação da loja, afinal, você deverá informar dados sensíveis àquele site, como dados do cartão do crédito e informações pessoais;

– Use as redes sociais com cuidado, pois pessoas mal intencionadas podem estar observando o que você publica. Assim, evite postar informações que possam afetar sua segurança, como endereço, dados pessoais ou detalhes da sua rotina.

Por fim, usando a internet com bom senso e moderação certamente usuário evitará muitos problemas.

Gisele Arantes, especialista em Direito Digital e sócia do Assis e Mendes

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.