O presidente francês, François Hollande, marcou para a manhã desta quarta-feira, 24, uma reunião com dirigentes do setor da defesa do país, depois da revelação de documentos do WikiLeaks sobre espionagem dos Estados Unidos a chefes de Estado franceses. Segundo um assessor de Hollande, o presidente decidiu convocar a reunião do Conselho da Defesa para avaliar a natureza da informação divulgada pela imprensa na noite desta terça-feira, 23, e tomar as medidas adequadas.
Documentos vazados pelo WikiLeaks, revelados pelo diário Libération e pelo portal Mediapart, mostram que os EUA espionaram, entre 2006 e 2012, os três últimos presidentes franceses: Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande.
De acordo com o Libération, os documentos, classificados como top secret (sigilo absoluto), consistem em cinco relatórios da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), baseados em "interceptações de comunicações", que eram destinadas à "comunidade de informações" dos EUA e a dirigentes da NSA. Os relatórios esclarecem o modo de funcionamento e tomada de decisão de Hollande e dos seus antecessores.
O documento mais recente é de 22 de maio de 2012, apenas alguns dias depois de Hollande tomar posse, e dá conta de reuniões secretas destinadas a discutir a eventual saída da Grécia da zona do euro.
Sobre Sarkozy, alguns documentos revelam que este se via, em 2008, como "o único homem capaz" de resolver a crise financeira. O antigo chefe da diplomacia de Jacques Chirac, Philippe Douste-Blazy, era descrito como tendo "propensão para fazer declarações inexatas e inoportunas".
Em 2013, documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden denunciavam que Washington havia espionado as comunicações pessoais da presidente Dilma Rousseff e da chanceler alemã Angela Merkel, o que levou a um estremecimento das relações do Brasil e Alemanha com os EUA.