Inteligência Artificial e rodovias, uma nova realidade

0

Com o avanço da inteligência artificial (IA), principalmente após o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, muito tem se falado sobre os benefícios que a ferramenta traz às empresas no atendimento e diálogo com clientes e na maneira de interação entre pessoas e corporações pelos dispositivos eletrônicos. Na esteira de inovações nas rodovias brasileiras, como o pedágio eletrônico de passagem livre (free-flow), já em fase de testes na rodovia Rio-Santos, fica a pergunta: é possível a IA beneficiar o setor de infraestrutura rodoviária? E de que forma?

Digo que certamente vai beneficiar e muito o setor com agilidade, precisão e sistemas inteligentes de gerenciamento de dados. Imagine que você esteja dirigindo o seu carro e, devido a uma falha mecânica, ele pare no meio de uma rodovia. Em poucos minutos, sem utilizar o telefone para pedir ajuda, um veículo de apoio da concessionária estará ao seu lado para levá-lo a um local seguro. Atualmente, já é possível utilizar a IA para interpretar as imagens transmitidas pelas câmeras de monitoramento da rodovia, e assim identificar situações de risco, como um veículo no acostamento.  E ainda, de forma autônoma, a IA envia um alerta visual e sonoro ao Centro de Comando e Controle (CCO), gerando a abertura de uma ocorrência aos operadores.

O uso de IA para "assistir" o que as câmeras estão transmitindo, assim como a conectividade das centrais de controle das concessionárias a aplicativos de trânsito e veículos, já são uma realidade em algumas rodovias brasileiras. Na Régis Bittencourt, rodovia que liga São Paulo a Curitiba, a Arteris utiliza dessa tecnologia e tem registrado ótimos resultados. Parte deste processo envolveu "ensinar" a IA interpretar o que as as câmeras de monitoramento de tráfego estão transmitindo para que atuem como "olhos" auxiliares, identificando diversos tipos de ocorrências e/ou objetos.

A companhia já investiu em um parque tecnológico com mais de 12 mil dispositivos instalados ao longo de 3.200 quilômetros concedidos. O passo seguinte foi a criação de um sistema de armazenagem e gestão de dados (Data Lake) e então transformá-los em informações.  Desta forma tornando a companhia apta a uma gestão estratégica baseada em informação. A otimização dos processos operacionais nas rodovias e a análise do fluxo de veículos e do comportamento dos motoristas torna então possível diminuir, por exemplo, o tempo de resposta entre o registro da ocorrência e a remoção efetiva do veículo parado, além de reduzir a exposição do usuário e de colaboradores da empresa em situações de risco envolvendo outros veículos que trafegam em alta velocidade.

As informações reais do tráfego, quando devidamente quantificadas e qualificadas, podem acender o alerta para a necessidade de instalação de um determinado dispositivo de segurança em um local estratégico. A análise destas informações pode também indicar a oportunidade de criar iniciativas ou ações específicas para orientar o comportamento de usuários.

A quantidade de frentes de gestão de companhias de grande porte, como é o caso do setor de infraestrutura rodoviária, é desafiador. A criação e o aperfeiçoamento dessas novas tecnologias permitem ampliar e fortalecer sua estratégia e visão de negócio. Importante ressaltar que estamos falando de investimentos na casa dos milhares de reais, portanto, o uso das big datas é, certamente, uma solução inovadora, que permite a criação de um banco de dados único, associado a um modelo digital em terceira dimensão, que provê informações relevantes para todo o ciclo de aplicação de recursos. Isso se torna um modelo que pode ser seguido no mercado e que, sem dúvidas, gera economia e, consequentemente, preserva a saúde financeira das empresas e acelera ainda mais o processo de desenvolvimento do país.

Daqui para frente, haverá muitas possibilidades de usar a tecnologia a favor de rodovias mais sustentáveis e conectadas. Atualmente, por exemplo, já vemos saindo do papel diferentes projetos de rodovias mais inteligentes e com estrutura para receber carros elétricos e/ou autônomos num futuro não tão distante. Há um grande espaço para expandir e oferecer uma mobilidade mais tecnológica melhorando a segurança do usuário e sua experiência ao trafegar por uma rodovia. Tecnologia é sim um componente essencial para a gestão de rodovias mais acessíveis e conectadas, e ao final garantindo um dos principais pilares, a preservação da vida.

Luiz Eduardo Ritzmann, diretor de Tecnologia e Transformação da Arteris.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.