Em mais um capítulo da série de denúncias sobre a espionagem do governo dos Estados Unidos, o jornal inglês The Guardian revelou nesta sexta-feira, 23, que a Agência de Segurança Nacional (NSA) pagou milhões de dólares para cobrir custos de grandes empresas de internet acusadas de envolvimento no programa de vigilância Prism, denunciado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
As empresas em questão são o Google, Yahoo, Microsoft e Facebook, e, segundo o jornal inglês, os documentos revelam que os custos incorriam de novas certificações demandadas pelo Tribunal de Vigilância de Inteligência. Essas certificações eram exigidas pela NSA para que o tribunal fornecesse quadro legal para as operações de vigilância.
Na sequência do acordo com o tribunal, a NSA trabalhou em uma solução para gerenciamento dos processos, aparentemente ilegais. O problema é que o vencimento das certificações custou milhões de dólares aos fornecedores de informações para o Prism, que deveriam estendê-las após a data de expiração. Os custos foram cobertos pela Fonte de Operações Especiais, de acordo com o documento, que lida com todos os programas de vigilância da agência que dependem de "parcerias corporativas" com provedores de internet e de telecomunicações para acessar dados de comunicações.
A revelação de que dinheiro do governo foi usado para cobrir custos das empresas supostamente aliadas do programa de espionagem americano levanta novas questões sobre o relacionamento entre as provedoras de tecnologia e a NSA. As companhias, por sua vez, já fizeram inúmeros declarações se dizendo inoccentes e procuram mostrar mais transparência sobre os dados que são fornecidos para o governo, negando participação em qualquer programa de espionagem.
Em contato com as empresas para saber o posicionamento frente às novas acusações, o The Guardian obteve resposta do Yahoo, que disse que "a lei federal exige que o governo dos EUA reembolse os fornecedores por custos incorridos para responder a processos legais obrigatórios e impostos pelo governo". "Nós solicitamos o reembolso de acordo com esta lei."
Já o Facebook respondeu dizendo que "nunca recebeu qualquer compensação em relação a um pedido de fornecimento de dados do governo", enquanto o Google não respondeu a nenhuma das perguntas específicas que lhe foram colocadas, enviando ao jornal uma declaração geral negando participação no Prism ou qualquer outro programa de vigilância. A Microsoft disse que visa o reembolso do governo em uma base caso a caso, apenas cumprindo "ordens judiciais, pois é legalmente obrigada".