A FIC (First International Computer) do Brasil, fabricante de computadores, e a AMD anunciam a fabricação local do PIC (Personal Internet Communicator). O equipamento terá o nome de FIC Conectado e a FIC será responsável pela manufatura, venda e suporte.
O equipamento chegará ao mercado ao preço de R$ 850,00, na configuração com 10 GB de disco rígido, processador AMD Geode GX500, sistema operacional Microsoft Windows CE, pacote Office reduzido, 128 MB de memória, modem de 56 Kbps e monitor de 15 polegadas.
O Brasil é o primeiro país da América do Sul a fabricar o PIC e o terceiro no mundo. Para distribuir o produto, as empresas firmaram acordo com a Telefônica, que vai vender o equipamento em 36 parcelas de R$ 39,90.
A FIC também é parceira da AMD e da Mtech para fabricar o PIC com a marca MT Fomento para suprir as necessidades do projeto de inclusão digital no estado do Mato Grosso. O lançamento do PIC em países emergentes faz parte da estratégia ?50×15?, que prevê a inclusão digital de 50% da população mundial até o ano de 2015.
A FIC do Brasil pertence ao grupo Phihong/FIC e tem instalações industriais no Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí (MG). O grupo fabrica placas-mãe, thin clients, fontes para PCs, no-breaks e acessórios para celulares (carregadores e baterias). A unidade também opera com produtos em regime OEM (Original Equipment Manufacturer).
Segundo Luciano Lamoglia, presidente do grupo, a Phihong cresceu no Brasil no momento do boom da telefonia celular. ?Apesar de a renda per capita da população ser uma das mais baixas do mundo e mal distribuída, o Brasil possui um mercado de 70 milhões de usuários?.
Outro fator importante para o sucesso da empresa nesse segmento, segundo o executivo, foi o modelo comercial estabelecido pelas operadoras de celular que subsidiam e financiam o equipamento ao usuário, com foco na receita de uso do serviço. "Para amenizar o impacto do custo elevado e da alta carga tributária, criou-se o mecanismo de controle de despesas desta facilidade, que é o sistema pré-pago. Com ele, o usuário consegue controlar despesas dentro da sua capacidade de gastos", diz Lamoglia.
O presidente da FIC diz a competição no mercado de informática ainda é muito prejudicada por práticas ilegais ? contrabando e sonegação de impostos. Contudo, ele vê alguma mudança nesse quadro através de diversas ações da polícia e da Receita Federal para inibir essas práticas. ?O Programa PC Conectado ainda não conta com financiamentos definidos, porém a carga tributária que fazia o produto perder competitividade frente ao contrabando foi reduzida, impulsionando ainda mais a venda de PCs legais?, observa Lamoglia.
Para ele, o custo de R$ 850,00 para o FIC Conectado (abaixo de um PC padrão de mercado), tende a ficar ainda mais competitivo à medida que a indústria ganhe escala de produção, pois a base da sociedade que demanda o acesso à internet é muito maior para produtos de baixo custo com mecanismos de financiamento e controle de despesas melhores definidos ou mais eficientes.
Com estrutura bastante verticalizada para produzir os PCs Conectados ? processo de inclusão digital do governo federal ? o projeto industrial demandou mais de US$ 20 milhões em investimentos nos últimos dois anos.