Imagine um sistema fechadinho, estruturado de acordo com o mais alto nível de segurança e pronto para cumprir com todas as regras de compliance. Mas, de uma hora para a outra, é preciso abrir esse sistema para que outras empresas consumam os seus serviços.
Como fazer isso do dia para a noite?
O open banking é uma revolução para o sistema financeiro e os bancos precisam de ajuda para reinventarem-se. Além dos obstáculos tecnológicos, há o desafio interno das instituições, que envolve diversos departamentos, diferentes linhas de negócio e muito mais. Considerando que o processo de implementação do open banking começa já em novembro, o tempo não está exatamente sobrando.
Para os bancos, tão importante quanto sobreviver à "abertura" é a preparação para aproveitar o universo de oportunidades que surgirá. Estamos falando em crescer mais. Mas aproveitar esse universo depende da integração de sistemas, um dos pontos mais críticos dessa transformação para as instituições financeiras tradicionais, que não esperavam ter de fazer isso em tão pouco tempo.
O fato é que, em breve, os dados dos correntistas, que antes eram de uso exclusivo dos bancos, estarão nas mãos das próprias pessoas que poderão disponibilizá-los a qualquer empresa. Para que essa "abertura" tenha um efeito prático, é preciso integrar sistemas e as integrações desafiam os desenvolvedores desde a criação do segundo computador.
Com o open banking, as instituições financeiras terão de oferecer um portal de APIs para conectar parte dos seus serviços ao sistema dos parceiros de mercado. A complexidade em estabelecer essas conexões reside no fato de os ambientes internos dos bancos incluírem soluções de diferentes fabricantes, algumas delas bem legadas. Soma-se a isso o fato de os sistemas mudarem rapidamente, a ponto de e a abordagem tradicional para APIs não conseguir mais acompanhar as necessidades de integração atuais.
Agora, imagine um banco ter de interromper uma análise de crédito e perder o negócio porque não consegue se conectar ao sistema de outra instituição. É disso que estamos falando.
A saída, então, passa por uma nova abordagem e é aí que entram as plataformas de integração híbrida (HIP, sigla em inglês), que permitem desenvolver, proteger e controlar fluxos de integração conectando diversos aplicativos, sistemas, serviços e banco de dados — um verdadeiro marketplace de integrações.
Nesse marketplace, é possível oferecer, por exemplo, produtos como crédito estudantil para uma rede de ensino ou, no caso do varejo, um sistema de financiamento para o cliente final. A solução permite que as empresas ofereçam o serviço financeiro com o devido suporte e expertise do banco, que, por sua vez, pode se concentrar em seu core business ao dispor de uma tecnologia já pronta para essa integração.
No sistema tradicional, as instituições teriam um trabalho muito maior, envolvendo uma enorme área comercial, em busca de parcerias, e uma grande estrutura de tecnologia para sustentar as comunicações. Com essa abertura, os bancos irão disponibilizar seus serviços para o mundo, conseguindo captar novos clientes e diversificando suas linhas de negócio muito mais facilmente.
Em resumo, mais que uma revolução, o open banking é uma evolução e as modernas plataformas de integração híbrida terão um papel fundamental e estratégico para interligar ecossistemas, consolidar parcerias e viabilizar esse novo mundo de negócios.
Rodrigo Bernardinelli, CEO da Digibee.