A Microsoft se dispôs a fazer concessões para que a União Europeia aprove a compra do LinkedIn, por US$ 26,2 bilhões. Entre as medidas propostas pela empresa estão permitir às redes sociais profissionais rivais acessar seus programas, permitir a exibição de perfis de outros sites além do LinkedIn, como a rede de negócios profissionais alemã Xing, além do ingresso no calendário do Outlook para agendar uma reunião entre duas ou mais pessoas.
Depois da incorporação do LinkedIn, as redes rivais teriam acesso aos add-ins do Outlook — que permitem que ferramentas de terceiros se integrem ao Outlook — e às interfaces de programação de aplicativos (APIs) do Outlook, que permitem que os programas se comuniquem uns com os outros, segundo o The Wall Street Journal, citando fontes próximas às duas empresas. Algumas das redes sociais já têm acesso a esses programas do Outlook. O Outlook oferece gerenciamento de e-mail e calendário.
Além disso, a Microsoft se comprometeu a permitir que fabricantes de computadores como Dell e Hewlett Packard Enterprise desativem o atalho do LinkedIn em desktops, disseram as fontes.
Em uma revisão anterior da UE, em 2004, a Microsoft teve que tomar medidas após os órgãos reguladores antitruste dos 27 países (estados-membros) do bloco econômico a terem condenado por abuso de posição dominante com seu software Windows.
Em 2004, a Comissão Europeia decidiu multar a Microsoft em cerca de US$ 600 milhões por “restringir a concorrência no mercado dos sistemas de navegação para servidores e leitores multimídia”.? Depois de cinco anos de investigação, o órgão executivo europeu intimou a companhia a divulgar a seus competidores as informações necessárias para que seus produtos fossem compatíveis com o sistema Windows.
No caso do LinkedIn, no entanto, nenhuma das concessões oferecerá acesso direto aos rivais ao conjunto de dados da rede social — condição que a Salesforce.com, que perdeu a disputa para a Microsoft para comprar a empresa, pressionou publicamente. Atualmente, nenhuma entidade externa tem acesso ilimitado aos dados do LinkedIn.
A Microsoft anunciou seu acordo com a LinkedIn em junho e pretende fechar o negócio ainda neste ano. A aquisição foi cancelada nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e África do Sul. A empresa disse em junho que não foram exigidas aprovações regulamentares no Japão, Coréia do Sul e China.
A Comissão Europeia solicitou na semana passada aos rivais da Microsoft que se manifestassem sobre as concessões. O órgão enviou questionários aos rivais em outubro, colocando questões sobre o valor bruto dos dados do LinkedIn e se os sites rivais podem replicá-lo. Na sequência, a UE estendeu o seu prazo até 6 de dezembro para concluir a sua análise da fusão. Isso pode ser estendido ainda mais se o órgão regulador ainda tiver dúvidas em relação ao negócio e decidir aprofundar as investigações.
A Microsoft argumentou que muitos dos dados de usuários do LinkedIn também estão disponíveis em outros sites de mídia social, como o Facebook, e que este em particular deve ser considerado como parte do mesmo mercado no processo de revisão da UE.
A Salesforce continua a pressionar pelo escrutínio regulamentar. “Acreditamos que este acordo levanta questões antitruste e de privacidade de dados significativas”, disse Burke Norton, diretor jurídico da Salesforce.
Norton fez uma postagem no blog da empresa em outubro disse que a questão é saber se somente a Microsoft terá acesso “aos dados de interatividade, muito mais ricos e irreproduzíveis, ou metadados. O acesso exclusivo da Microsoft a essas informações, afirma Salesforce, conferirá uma vantagem injusta sobre os concorrentes.