A China se consolidou como o país que mais fatura no e-commerce no mundo todo. Com o uso de tecnologias de ponta e atualizadas, além de estratégias de venda cada vez mais adaptadas ao consumidor final, foi o primeiro país a apresentar resultados onde as vendas on-line ultrapassaram a soma de todas as compras realizadas em lojas físicas, segundo mostra o Trade International Administration.
O sucesso do e-commerce chinês está presente no Brasil. Dados da Pitney Bowes mostram que mais da metade dos brasileiros que compram pela internet consulta preços e ofertas em sites chineses, como Aliexpress e Wish. Um levantamento feito pela empresa de carteiras digitais PayPal Brasil e pela consultoria de pesquisas BigData Corp mostra que o mercado de comércio eletrônico cresceu 40,7% entre 2019 e 2020, chegando a 1,3 milhão de lojas virtuais.
Para avançar no marketplace nacional o vendedor precisa evoluir. Acompanhar, entender e aplicar as técnicas e estratégias utilizadas pelos chineses para impulsionar o alcance de suas vendas on-line. O conceito de marketplace na China está diretamente ligado à variedade de serviços e produtos dentro de uma mesma plataforma como a Amazon oferece. No e-commerce chinê, o varejo digital concentra opções diversas em um único lugar, diferente de alguns sites no Brasil, em que os produtos ainda são segmentados.
Outra facilidade que os marketplaces da China oferecem é a agilidade no prazo de entrega. Enquanto no Brasil consumidores precisam aguardar em média 11 dias para receberem seus produtos, na China, a entrega é realizada com prazo de até um dia. A parceria com anunciantes pode proporcionar um menor prazo de entrega. Esse investimento afeta diretamente a experiência do consumidor, que aumenta significativamente as chances de fidelizar o comprador à loja. Uma entrega mais rápida também se torna um diferencial importante, capaz de alcançar novos clientes.
Um dos sistemas que tem revolucionado os pagamentos em marketplaces na China é a possibilidade de fazer a transação financeira dentro de aplicativos, o chamado Mobile Payment, a exemplo do AliPay (do Alibaba) e do WeChat Pay, sistema semelhante à funcionalidade do WhatsApp. Com esse software é possível acompanhar desde a pesquisa do produto até a finalização do pagamento, que são realizados dentro da própria plataforma ou uma parceira. Mais de 90% dos pagamentos digitais feitos em aplicativos são realizados pelo WeChat e AliPay.
Com uma variedade enorme de produtos e anunciantes, os marketplaces apresentam alta concorrência de preços e serviços. Com tanta disponibilidade de um mesmo produto, o uso estratégico de promoções e ofertas é o principal fator de atração para se sobressair em meio à concorrência. Nos marketplaces da China, é muito comum a alta frequência de promoções e ofertas nos aplicativos, incentivando a compra do cliente.
As chamadas lives commerces, que tiveram início na China, já têm sido uma aposta de e-commerces no Brasil. A estratégia se baseia em realizar vendas por meio de transmissões ao vivo em mídias sociais – que contam com cerca de 150 milhões de usuários no país, segundo o relatório Digital 2021, da WeAreSocial. No Brasil, Americanas, Submarino, Mercado Livre e Magazine Luiza já utilizam essa estratégia.
Nas lojas chinesas, é comum os influenciadores apresentarem lives em shoppings para divulgar produtos e promoções. Além disso, negócios chineses oferecem descontos àqueles que se aproximam de lojas físicas, por meio do envio de mensagens instantâneas, direcionando esses consumidores para a compra online. Há investimento e inovação para atrair cada vez mais compras em marketplaces.
Por fim, para que a venda on-line acelere no Brasil e a Black Friday seja um sucesso ainda maior, é preciso estar preparado para acompanhar a rotatividade dos produtos. No e-commerce, não há tempo para ficar perdido na hora do controle, é necessário ter organização no sistema e na operação. Assim, por mais experiente que o vendedor seja no comércio de balcão, o universo online é bem diferente e é necessário buscar aprendizado e profissionalização no setor.
Alexandre Nogueira, CEO da Universidade Marketplaces e consultor oficial do Mercado Livre.