A Mozilla (empresa de software desenvolvedora do browser Firefox) reuniu um grande número de analistas e jornalistas em um evento na tarde deste domingo, 24, em Barcelona, um dia antes da abertura oficial do Mobile World Congress, para falar de seu sistema operacional aberto, o Firefox OS. De novidade mesmo, a divulgação oficial dos fabricantes responsáveis pelos aparelhos que compõem a primeira onda de lançamento do OS: Alcatel OneTouch, ZTE, LG e, muito em breve, Huawei; e a adesão de mais nomes de operadoras para o lançamento que acontecerá, muito provavelmente como já havia sido anunciado, no primeiro semestre. Além do grupo Telefónica e da América Móvil, que já haviam sido divulgadas, aderiram também China Unicom, Deutsche Telekom, Etisalat, Hutchison Three Group, KDDI, KT, MegaFon, Qtel, SingTel, Smart, Sprint, Telecom Italia, Telenor, TMN e VimpelCom. Os primeiros países a receber o Firefox OS, além do Brasil, serão Colômbia, Hungria, México, Montenegro, Polônia, Sérvia, Espanha e Venezuela.
Mas o que realmente chamou a atenção no evento da Mozilla foi a presença dos principais executivos dos grandes grupos operadores, bem como de fabricantes. César Alierta (CEO da Telefónica), Franco Bernabè (CEO da Telecom Italia), René Obermann (CEO da Deursche Telecom), Jon Fredrik Baksaas (CEO da Telenor) e Marco Quatorze (diretor de VAS e roaming internacional da América Móvil) tiveram um discurso similar, todos exaltaram a iniciativa de uma plataforma aberta como benéfica para o usuário e desenvolvedores, mas isso tem um motivo claro: o Firefox OS significa a porta de entrada para as teles de volta ao ecossistema de conteúdos móveis.
Desde que a Apple lançou seu iPhone e sua App Store, seguida de perto pelo Android com a agora Google Play, as operadoras se viram excluídas de um ambiente que até então dominavam – o controle dos conteúdos e serviços que ganhavam destaque na tela do celular do usuário. As teles chegaram a formar uma aliança para o desenvolvimento de uma plataforma comum própria para tentar voltar a fazer parte do ecossistema de onde se viram excluídas, a Wholesale Applications Community (WAC), que fracassou. A aposta agora é o novo OS da Mozilla.
Questionado por este noticiário se o motivo do fracasso da WAC teria sido o surgimento da iniciativa da Mozilla de construir um OS aberto, Quatorze, da América Móvil, admitiu: "A WAC se mostrou complicada demais e o Firefox OS se mostrou uma alternativa mais viável e mais rápida".
De volta ao jogo
O vice-presidente da Mozilla, Jake Sullivan, explicou que a fundação construiu um market place para concentrar os aplicativos do Firefox OS, mas foi enfático ao dizer que não haverá apenas uma loja de aplicativos, mas sim várias. E é assim que as operadoras terão de volta suas vitrines de conteúdos. A América Móvil, segundo revelou Marco Quatorze, licenciou a plataforma da loja de aplicativos da Mozilla e a usará como base para sua própria loja, com a marca Claro. O mesmo caminho devem seguir as demais teles, que poderão ter de volta parte de receita com downloads de apps a partir de suas vitrines, dependendo do modelo de negócios a ser estabelecido.
Brasil
Quatorze, da Claro, disse esperar que os primeiros aparelhos com Firefox OS comecem a ser vendidos no Brasil a partir de maio. Alierta, da Telefônica, limitou-se a manter a informação de que seria no período do verão (europeu), que começa no fim de junho. Bernabè também manteve a previsão do primeiro semestre. Os lançamentos devem acontecer se não de forma simultânea, com datas muito próximas.
Todos os operadores trabalham com um preço base de compra da primeira leva dos aparelhos de ZTE, Alcatel OneTouch, LG e Huawei de US$ 100, preço este que pode ser reduzido para o consumidor em planos pós-pagos com subsídios.