Inclusão digital deve ser integrada à economia solidária

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Em debate nesta quinta-feira (24/5) na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, especialistas concluíram que as políticas de inclusão digital e a economia solidária devem estar integradas, para garantir ao mesmo tempo o acesso da população de baixa renda às novas tecnologias e o próprio avanço da economia solidária. A audiência, da qual participaram deputados, representantes do Executivo e da sociedade civil, também discutiu os programas do governo federal voltados à juventude e o sistema de radiodifusão comunitária.

O autor do requerimento da audiência, deputado Eudes Xavier (PT-CE), disse que o encontro serviu para demonstrar o compromisso do governo com os temas sociais. Segundo ele, a criação das secretarias da Juventude e de Economia Solidária, e de programas ligados à inclusão digital, mostra que as políticas desses setores estão interligadas e que é viável a inclusão social e tecnológica das populações de baixa renda.

Ele também citou o exemplo do projeto Cooperativa Pirambu Digital, que atende a população da periferia de Fortaleza (CE). A entidade oferece capacitação tecnológica para moradores e pequenos comerciantes do bairro, além de formar empreendedores e desenvolver o hábito da leitura entre jovens e crianças.

O diretor-executivo da cooperativa, Joviniano Júnior, explicou o funcionamento do programa Bila (Biblioteca e Lan House), que tem o objetivo de integrar educação, cultura e informática. "Nossos alunos são orientados a dedicar uma hora por dia à leitura, para terem direito a uma hora na lan house."

Economia solidária

Segundo o diretor do Departamento de Fomento à Economia Solidária (Defes) do Ministério do Trabalho, Dione Soares Manetti, é preciso encontrar novas formas de gerar trabalho e renda para os jovens. "O modelo atual de mercado de trabalho só atende 50% da população economicamente ativa. É preciso lançar mão da economia solidária para incluir esses outros 50%", disse.

Edson Pistori, assessor da Secretaria Nacional de Juventude, lembrou que em vários programas do governo há a preocupação com a inclusão digital e com a economia solidária. Ele citou o exemplo do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Pró-Jovem). Implantado em 2005, o Pró-Jovem recebe jovens entre 18 a 24 anos que terminaram a quarta série, mas não concluíram a oitava série do ensino fundamental e não têm vínculos formais de trabalho.

Entre as ações, estão o ensino regular, a qualificação profissional, o planejamento e a execução de ações comunitárias, além de cursos de inglês e informática. Cada aluno, como forma de incentivo, recebe auxílio de R$ 100 por mês, desde que tenha 75% de freqüência às aulas e cumpra as atividades programadas.

Os programas da área da juventude atendem hoje cerca de 1 milhão de pessoas entre 18 e 24 anos. "A meta do governo é saltar para 6 milhões de jovens até 2010", afirmou Pistori. Ele disse que a taxa de desemprego aberta entre os jovens é de 22%, quase o dobro da média geral. "Os jovens hoje não têm qualificação; a nossa proposta é adiar a entrada dessas pessoas no mercado de trabalho, mas prepará-las para que entrem com uma profissão", disse. Segundo ele, enquanto na Europa a média de idade para um jovem ingressar na economia formal é de 24 anos, no Brasil ela cai para 16 anos.

O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), presidente da comissão, lembrou que a audiência pública é apenas o ponto de partida para a análise desses assuntos: "Daqui surgem propostas e debates frutíferos", ressaltou.

Com informações da Agência Brasil.

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