A Delegacia de Estelionato de Curitiba recebeu no fim da manhã desta sexta-feira, 24, denúncia do Grupo Bitcoin Banco (GBB) sobre um esquema de fraude que vinha fazendo saques duplicados, valendo-se de uma vulnerabilidade na plataforma de operações de compra e venda de criptomoedas. Cerca de 30 nomes já foram identificados e apresentados ao delegado Emanoel David, para abertura de inquérito.
Apenas um dos fraudadores conseguiu sacar R$ 2 milhões ilegalmente, mas o montante total do golpe deve chegar a R$ 50 milhões assim que todos os nomes envolvidos forem identificados. Para isso, os técnicos estão consultando toda a base de dados e movimentações feitas nos últimos três meses nas exchanges NegocieCoins, TemBTC e BATExchange, que somam mais de 100 mil clientes. O delegado David já solicitou as informações para dar prosseguimento à investigação.
A investigação interna do grupo, que tem sede em Curitiba e é dono das duas maiores corretoras de bitcoins do Brasil, vem sendo feita desde a semana passada, quando surgiram as primeiras suspeitas sobre o golpe. Os técnicos da área de TI identificaram súbito aumento de patrimônio de alguns clientes, decorrente de operações suspeitas de trade (compra e venda de criptomoeda).
Para evitar mais prejuízos com saques fraudulentos, o Grupo adotou a operação manual dos pagamentos solicitados, o que gerou lentidão no atendimento aos clientes desde quinta-feira, dia 16. Com isso, conseguiu monitorar cada pedido feito e começar a identificar os fraudadores. O ritmo mais lento, por sua vez, acabou provocando um acúmulo atípico de solicitações de saques e até mesmo o cancelamento de algumas ordens de venda. Operações que levavam até 24 horas passaram a demorar, em alguns casos, até 96 horas, situação agravada nesta semana com o encerramento abrupto da conta das corretoras pelo banco Brasil Plural.
Além de trazer prejuízo para a empresa, a ação criminosa também atrapalhou a vida dos clientes, que estão tendo que esperar por mais tempo para fazer seus investimentos e saques, tanto em reais quanto em criptomoedas. Mas o grupo garante que não haverá qualquer prejuízo para os clientes, que foram inclusive isentados de taxas bancárias cobradas em operações que tiveram que ser canceladas no domingo, dia 19.
"Como é caraterística do GBB, todos os pagamentos serão honrados. Porém, por causa da fraude, não podemos mais nos comprometer com prazo máximo. Infelizmente, a agilidade que era nosso diferencial, com pagamento em poucas horas, não pode ser retomada agora e também teremos que reduzir os montantes a serem sacados até que tudo se normalize. Mas esperamos poder normalizar tudo entre os dias 29 de maio e 5 de junho", diz o presidente do GBB, Johnny Pablo dos Santos.
Além da denúncia à Polícia Civil, o GBB adotou outras providências emergenciais para conter a fraude e regularizar as operações. A empresa optou por não suspender as operações de trade e transferências interexchanges. Serão suspensos apenas os depósitos e saques externos nesta sexta-feira e nos dias 27 e 28 de maio, segunda e terça-feiras. Até lá estão sendo levantados todos os dados para a investigação policial. E adotou o seguinte protocolo:
– estão suspensos os depósitos em reais e em criptomoedas de hoje até quarta-feira, dia 29
– o limite de saque será de R$ 10 mil e 1 Bitcoin por dia, a partir de quarta-feira, dia 29, por prazo indeterminado
– nenhum saque será cancelado mas todos os saques que excederem os R$ 10 mil que já foram solicitados serão reajustados para o limite diário de R$ 10 mil e 1 Bitcoin
– os pagamentos serão realizados a partir de quarta-feira, dia 29, conforme os limites do sistema bancário
O Grupo Bitcoin Banco alerta seus clientes e o mercado sobre a ação dos criminosos e a possibilidade de que eles estejam tentando outros golpes, como oferecer a compra de posição em criptomoeda com deságio de até 50%. "Essa posição não existe. Ela é fruto de uma ação fraudulenta e quem achar que está levando vantagem ficará no prejuízo", afirma o presidente do GBB.
Santos destaca que, com três anos de atuação e cerca de 200 funcionários em Curitiba e São Paulo, o Grupo Bitcoin Banco investe permanentemente em segurança de suas plataformas e mantém uma equipe de 30 pessoas em pesquisa, desenvolvimento e TI. Essa é a primeira vez que um ataque desse tipo é feito ao GBB.