A inteligência artificial (IA) emergiu como uma força transformadora em diversos setores, impulsionando a inovação e a eficiência. A estimativa é que a receita do mercado de softwares de IA cresça 35% ao ano até 2025, momento em que se prevê alcançar US$126 bilhões, de acordo com o relatório Artificial Intelligence – In-depth Market Insights & Data Analysis.
Para além dos seus benefícios, esse rápido avanço tecnológico também levanta preocupações sobre questões éticas, sociais e de segurança de dados. À medida que a IA se torna cada vez mais integrada às operações comerciais e ao cotidiano das pessoas, a necessidade de regulamentação ganha força. A nível nacional, foi criada a Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial (IA) do Senado Federal, que tem analisado projetos de leis propostos por parlamentares.
Na América-latina, o Brasil é o país mais empolgado com os avanços dessa tecnologia, segundo o Artificial Intelligence Index Report 2024, produzido anualmente pela Universidade de Stanford. No ambiente de negócios, a Gartner prevê que a adoção da IA generativa dispare, com mais de 80% das empresas incorporando APIs, modelos e aplicações de GenAI em suas operações até 2026.
Neste contexto, a regulamentação visa estabelecer diretrizes que devem ser seguidas ao desenvolver e implementar as soluções, enfatizando a transparência, responsabilidade e ética. Com isso, as companhias que atuam principalmente com tecnologia e design terão um impacto significativo e deverão acompanhar atentamente as normas estipuladas, conforme as discussões e projetos, ainda em estágio inicial, avancem.
Regular a IA não é uma tarefa fácil. Do ponto de vista do setor de produtos digitais e tecnologia, creio que o caminho ideal deva incluir parâmetros claros sobre questões como segurança cibernética, privacidade de dados e viés algorítmico, porém, ao mesmo tempo, ser abrangente e flexível o suficiente para permitir a inovação contínua. Além disso, é essencial que seja uniformizada globalmente para prevenir discrepâncias regulatórias que possam complicar as atividades comerciais em nível internacional.
Como líder mulher no setor, destaco a importância de haver diretrizes específicas para garantir a equidade de gênero nesta regulamentação. Isso pode envolver a exigência de transparência nos algoritmos para detectar e mitigar viés de gênero, reduzindo práticas discriminatórias ou prejudiciais que possam afetar esse grupo no uso de sistemas de IA. Levando isto em consideração, podemos promover um ambiente mais inclusivo e igualitário para mulheres e qualquer outro grupo minoritário na tecnologia, o que incentiva o uso, participação e adesão à tecnologia entre todos.
Outro ponto que é preciso considerar é que esse novo paradigma pode influenciar no acesso a mercados e clientes, uma vez que muitas empresas trabalham alinhadas com processos de segurança e compliance específicos, e exigem conformidade de seus fornecedores com os regulamentos para as parcerias comerciais. Dessa forma, as determinações legais que forem instauradas podem influenciar a possibilidade de expansão dos negócios e, a fim de manter o ritmo de contratos entre companhias, estimular uma adesão mais acelerada às diretrizes regulamentadas.
Considerando todas essas frentes, embora haja desafios no caminho, fica claro que a regulamentação da IA traz várias vantagens, tanto para empresas, como para sociedade. Proporcionar um ambiente regulatório claro reduz incertezas e riscos de litígios, promove a confiança do consumidor e ajuda a diminuir preocupações éticas e sociais, como o uso inadequado ou discriminatório de dados pessoais. Os impactos passam por benefícios sociais e econômicos, e poderão ser mensurados conforme os avanços.
Giovanna Rossi, CPO na Rethink.