Para tornar sites mais acessíveis, empresa cria núcleo com deficientes visuais

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Se você não é um portador de necessidades especiais, certamente não sabe as dificuldades que essas pessoas encontram, todas as vezes que precisam adquirir um livro pela internet ou encomendar um lanche pelo aplicativo. O desafio não é exceção, mas uma demanda que afeta cerca de 45% da população brasileira, enquanto menos de 1% dos canais digitais são plenamente acessíveis. Além do mais, estima-se que as pessoas com deficiência no país movimentam um mercado de R$ 22 bilhões por ano.

Esse assunto acaba de ganhar novos contornos em Brasília: neste momento tramita no Senado Federal o Projeto de Lei nº 1090/2021, que visa implementar condições mínimas de acessibilidade em sites de empresas com sede ou representação comercial no país. O instrumento, mediante aprovação, vai alterar a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, instituída em 6 de julho de 2015, especificando os recursos de acessibilidade em portais na internet.

Olhando com o rigor e a competência técnica que o assunto carece, a Yaman, empresa de engenharia e qualidade de software, montou uma equipe especializada em acessibilidade digital: formado por uma equipe mista, o time é composto por profissionais com e sem deficiência, que atuam como desenvolvedores, analistas de qualidade, audiodescritores e transcritores. Atuando em duplas e baseados em padrões internacionais, eles possuem o desafio de identificar e orientar na correção das falhas de acessibilidade nas plataformas web e mobile de nossos clientes.

De acordo com Murillo Cita, responsável pela coordenação do núcleo, o foco da empresa é garantir acessibilidade em sites, aplicativos e softwares de desktop dos clientes atendidos, procurando promover a inclusão digital e garantir que todos tenham acesso. "O que nós buscamos é juntar a bagagem de vida de cada um dos profissionais que trabalham aqui para tornar a experiência do usuário a mais acessível possível nos canais digitais dos nossos clientes. Como poderíamos testar a experiência digital de um deficiente visual, não tendo deficiências? Precisamos testar vivendo as dores reais dos nossos clientes", afirma.

Várias histórias, uma necessidade

Para promover a inclusão, é necessário se colocar no lugar de quem mais vive de fato esse desafio. Esse foi um dos pilares na formação do time de Acessibilidade na Yaman, que alia o conhecimento técnico da equipe às experiências do dia a dia, como relata o analista de testes e deficiente visual Luan Honorato Silva Lima, 30 anos. "Muitas pessoas não sabem que existe um programa leitor de telas, para fazer a leitura do aparelho para o deficiente visual. Já houve situações em que eu estava usando o celular com a tela escura e uma pessoa chegou cutucando dizendo que o aparelho não estava funcionando, que estava desligado", conta

A acessibilidade, segundo Luan, precisa ser enfatizada como algo que "engloba todos", ainda que pensada para Pessoas com Deficiências (PCDs). Ou seja, é preciso sair do tom de exclusividade da comunidade PCD com o propósito de democratizar os meios digitais, e um dos caminhos para isso é a instrução. "Através da divulgação, nós conseguimos que as pessoas tenham contato com o conteúdo. Antigamente, existia aquele mito de que o deficiente é aquela pessoa que fica escondida dentro de casa e pronto", reforça.

Yaman 

Perto da Black Friday, desde 2022, a Yaman divulga um ranking com as empresas de e-commerce que melhor se destacam em acessibilidade digital. A pesquisa leva em consideração as diretrizes mais atuais da Web Content Accessibility Guidelines, iniciativa que visa a padronização da internet de forma acessível. O intuito é que as pessoas com deficiência visual saibam onde e como poderão realizar suas compras com menos empecilhos e uma melhor experiência. Atualmente, a Yaman atende a algumas das principais empresas do país, como Itaú, Alelo, B3 e Porto Seguro.

1 COMENTÁRIO

  1. Gostaria de esclarecer não devem ser mais usados os termos "portador de necessidades especiais" ou "portador de deficiência" o correto é usar "Pessoa Com Deficiência", que é a forma correta e oficial.
    O termo Pessoa com Deficiência foi definido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, sendo aprovado em 13 de dezembro de 2006 pela Assembleia Geral da ONU. Foi ratificado no Brasil, com equivalência de emenda constitucional, pelo Decreto Legislativo nº 186/2008 e promulgado pelo Decreto nº 6.949/2009.
    Outro ponto no texto que parece que foi um engano na edição é o trecho que fala sobre esse público, dizendo que "cerca de 45% da população brasileira" são pessoas com deficiência.
    Na verdade, são 45,6 milhões ou 23,9% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência, conforme dados do IBGE – Censo demográfico de 2010.

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