Após meses de intensos debates, incluindo um reconhecido atraso nas negociações, o período de consulta pública sobre a transferência das funções da Internet Assigned Numbers Authority (IANA) para o modelo multissetorial foi encerrado no último dia 10 de setembro. Mas o governo norte-americano achou que todo esse esforço não resultou em uma proposta que o agradasse. A justificativa para essa avaliação é que não houve consenso na questão da transferência das responsabilidades (prestação de contas) da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), operadora das funções da IANA.
O administrador da entidade do departamento do Comércio dos EUA (e que tem contrato com a ICANN para administrar as funções da IANA), a National Telecommunications & Information Administration (NTIA), Lawrence E. Strickling, disse em comunicado nesta quinta-feira, 24, que os stakeholders envolvidos na discussão até conseguiram achar denominadores comuns em vários dos elementos específicos dos planos que foram apresentados na consulta. Mas diz que "não chegaram a consenso em todas as ferramentas específicas que foram propostas para melhorar a responsabilidade da ICANN". Ele diz que há ainda muito a se debater sobre a "substância do plano em si" e de sua implantação.
Agora, um grupo de trabalho transcomunitário (CCWG) está se reunindo na Califórnia para trabalhar nessa responsabilidade da ICANN para quando acabar o contrato com a NTIA. Eles precisam atender às demandas dos stakeholders ao mesmo tempo em que preenchem todos os requisitos pedidos pela ICANN. Para Strickling, o fator crítico para o sucesso é focar em passar por cima das diferenças, ainda que seja algo difícil de fazer. "O plano de transição está testando o modelo multistakeholder como nunca. O mundo assiste para ver se os stakeholders conseguem achar um consenso para seguir adiante", aconselha.
O administrador da NTIA sugere melhor organização dos pontos consensuais e que elementos precisam ser mais detalhados para atender à demanda da entidade. Segundo ele, "as perguntas dos stakeholders nos comentários públicos demonstram significativa confusão e incerteza em como porções do plano seriam operacionalizados". Diz ainda que nem todas as consequências da operação foram pesadas.
Outro conselho de Strickling é o de considerar se as medidas sugeridas seriam sustentáveis o suficiente para permitir à NTIA sair do contrato com a ICANN para as funções da IANA. Somente após essas etapas é que ele aconselha a redação da proposta final, que seria apresentada já em outubro em um encontro da Corporação em Dublin, na Irlanda. "Todos os stakeholders precisam chegar juntos a um consenso porque não há caminho alternativo para completar a transição", alerta. Ou seja: não adianta mostrar alternativas, a NTIA só quer uma proposta finalizada e já acordada. E, claro, atendendo às suas próprias exigências.