IBM investe mais de US$ 20 bilhões em software até 2015 e aposta em big data

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Por conta das recentes previsões de crescimento da utilização de soluções de Big Data por companhias dos mais diversos segmentos, a IBM aposta em sua área de software como impulsionadora dos resultados financeiros nos próximos anos. Em 2011, ela representou cerca de 23% do faturamento total da empresa e 44% da lucratividade globalmente.

Dentro dessa vertente, o segmento mais importante para a companhia atualmente é o de Business Analytics (BA). Como parte da projeção feita no ano passado para o período de 2011 a 2015, a companhia espera atingir uma receita de US$ 16 bilhões em soluções de BA, sendo que as ferramentas e serviços oferecidos nessa linha de negócios contribuíram com 16% do crescimento da companhia em 2011. Nos últimos cinco anos, a IBM investiu mais de US$ 14 bilhões em 24 aquisições relacionadas ao segmento de BA.

Durante o Information On Demand 2012, que ocorreu nessa semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, a companhia reforçou suas estratégias para o crescimento no segmento com foco em soluções de BA e apresentou dados que revelam as oportunidades que o Big Data gera para o mercado. Foi apresentado o PureData System, uma expansão da familia PureSystems de sistemas integrados que permite aos clientes analisarem dados rapidamente, podendo transformá-los em insights para todas as áreas, como marketing, vendas e operações. A IBM investiu globalmente US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e aquisições ao longo dos últimos anos voltados para o lançamento.

Tendências e oportunidades

Uma pesquisa realizada pela IBM em conjunto com a Escola de Negócios Saïd da Universidade de Oxford revelou que entre os 1,144 mil profissionais de negócios e TI entrevistados em 95 países e 26 indústrias, 63% relataram que o uso de informações, incluindo Big Data e Analytics, cria uma vantagem competitiva em suas companhias. Em 2010, apenas 37% tinham essa visão. Entre as prioridades da empresa com a utilização de ferramentas de análise de dados, 49% gostariam de ter um resultado voltado ao relacionamento com o cliente; 18% desejam otimizar operações; 15% têm o foco em gerenciamento financeiro e de risco; 14% querem ativar outros modelos de negócios; e 4% gostariam de utilizar para colaboração dos funcionários. Mesmo com 76% dos entrevistados comprometidos com o desenvolvimento de soluções para big data, apenas 47% estão começando o planejamento, enquanto 28% desenvolvem projetos piloto ou já implementaram duas ou mais soluções e 24% não iniciaram essas atividades. Durante o evento, a companhia ainda apresentou exemplos da necessidade e demanda por aplicações de Big Data principalmente nos segmentos de telecomunicações, finanças, saúde, varejo, industrial e governo.

América Latina e Brasil

Dentro do planejamento de 2011 a 2015,  a América Latina tem o objetivo de manter crescimento de dois dígitos em toda a unidade de software e a expectativa é que em 2015 o grupo de software seja responsável por 50% de lucratividade da companhia na América Latina. Segundo o vice-presidente do grupo de software para a região, Marcelo Spaziani, em 2011 o crescimento latino-americano do grupo foi acima de dois dígitos obtendo o melhor resultado na comparação global. “Nosso objetivo é manter crescimento, ganhar participação de mercado e terminar 2012 com dois dígitos de crescimento”, comentou. Ainda assim, o executivo não ficou entusiasmado com o resultado financeiro reportado pela companhia na última semana, quando a unidade de software global teve queda de 1%, contabilizando US$ 5,8 bilhões. “Temos o objetivo de ter crescimento agressivo ano a ano, e se compararmos com o ano passado, realmente o resultado não foi tão bom, pois tivemos participação maior, mas o mercado e a situação econômica global está em um momento difícil”, relatou Spaziani, reforçando que a área de software tem a responsabilidade de ser o motor da lucratividade da companhia.

O Brasil foi posicionado há dois anos com um dos mercados mais importante, ao lado da China, se tornando as prioridades para a companhia. “O Brasil é um dos países que mais recebe investimento em capacitação e treinamento de parceiros de negócios”, destacou o diretor do grupo de software para a América Latina, Marco Lauria. Na região, o grupo de software da IBM possui mais de 1,2 mil pessoas entre vendedores, grupo de pré-venda e grupo de serviços. No Brasil, o numero é de aproximadamente de 500 pessoas. “Nossa meta é mais que dobrar a renda gerada através de parceiros de negócios e ao longo dos próximos cinco anos essa renda deve quadruplicar. Temos uma oportunidade muito grande em regiões em que ainda não temos tanta penetração, como o Nordeste do país e o interior de São Paulo e realizamos”, reforçou Lauria.

Entre as oportunidades destacadas no país está a expansão da utilização de redes sociais. De acordo com o gerente regional de gerenciamento de informação para o Brasil, Marcos Panichi, empresas de mídia já estão interessadas nas soluções da empresa para monitorar fluxo maior de publicações em redes sociais durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 que ocorrerão. Entre os segmentos que já utilizam soluções para gerenciamento de dados não-estruturados estão bancos, seguradoras, óleo e gás e varejo, e segundo o gerente de gerenciamento de conteúdo corporativo da IBM Brasil, André Figueiredo, haverá uma demanda do governo por conta da Lei de Acesso à Informação, que determina que todos os órgãos públicos do Brasil disponibilizem na internet dados que sejam do interesse dos cidadãos.

Desafios

Uma das questões entorno da manipulação e compartilhamento de dados é a privacidade. Segundo o chief scientist da IBM, Jeff Jonas, há quatro meses as companhias não estavam tão conscientizadas sobre a necessidade de unir o uso da ferramenta de análises de dados com uma ferramenta que mantenha a privacidade dos mesmos, mas agora são mais cuidadosas com o tipo de aplicação que constroem. Por isso, executivo revelou que está trabalhando em soluções para tornar os dados anônimos, possibilitando que as empresas que os manipulam definam que tipo de informações querem liberar para outras empresas. “Se duas empresas diferentes compartilham dados dos mesmo clientes para uma ação de marketing, por exemplo, elas separam os dados que desejam compartilhar e os que não querem, para proteger informações importantes”, explicou Jonas.

No Brasil, os desafios ainda são relacionados ao atraso que as companhias apresentam na conscientização de que as soluções de Big Data são importantes e são uma realidade. “As empresas estão implementando suas primeiras soluções e há uma demanda por capacitação para utilizar ferramentas”, destacou Marco Lauria, reforçando que um dos desafios do Big Data é a falta de especialistas na área. “Por isso, a IBM faz parcerias com Universidades de todo o mundo para formar técnicos. Ainda assim, a América Latina como um todo ainda está atrasada na utilização das ferramentas, cuja adoção em outros países é muito maior”, complementou.

A jornalista viajou a Las Vegas a convite da empresa

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