A mudança no comando do Banco Central, com a já anunciada saída de Henrique Meirelles e a indicação de Alexandre Tombini para ocupar o cargo de presidente do BC, é vista pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, como a possibilidade de abertura de espaço para a discussão sobre uma nova postura do órgão, mais alinhada com os problemas econômicos enfrentados pela indústria eletroeletrônica.
"A meu ver, o BC precisa continuar tendo autonomia, porém não pode estar acima do 'bem e do mal'. O que vimos nos últimos anos foi uma situação conflituosa entre os seus conceitos e algumas medidas do governo que visavam o estímulo à produção", disse Barbato. Segundo ele, este descompasso é materializado, por exemplo, na tentativa de se implantar uma política industrial, que se "torna inócua diante da asfixiante política econômica".
O presidente da Abinee ainda ressaltou o fato de o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ter admitido que o Brasil passa por um processo de desindustrialização por conta da excessiva valorização do real.
Barabato vê a mudança de comando no BC como uma oportunidade para que medidas compensatórias, como as que a Abinee já apresentou ao governo, sejam adotadas como forma de minimizar a perda de competitividade da indústria brasileira. Ele lembrou que, neste ano, por causa da invasão de produtos acabados e componentes do exterior, a balança comercial do setor eletroeletrônico deve registrar um déficit recorde de US$ 27 bilhões, resultado de importações da ordem de US$ 35 bilhões e exportações de US$ 8 bilhões.
"Em 2005, nossas exportações representavam 20,4% do faturamento do setor e neste ano ficará em 10,5%. Por outro lado, a participação das importações subiu de 15,9%, em 2005, para 20,7%", comentou Barbato.
- Mudança