O Brasil comporta Inovação Aberta?

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O panorama de inovação no Brasil assumiu uma trajetória ascendente. Pelo menos é o que garante o Índice Global de Inovação (IGI 2023). Segundo o indicador, o País alcançou a 49ª posição entre 132 nações mapeadas no ranqueamento. E este avanço traz para a superfície um vasto território de oportunidades a serem exploradas na esfera da Inovação Aberta, ponto convergente de quem busca crescimento sustentável e competitividade sem um mercado global dinâmico.

Um levantamento feito pelo Open Innovation 2023 assegura que mais de 80% das empresas brasileiras já incorporaram a Inovação Aberta em sua agenda estratégica. E mais. A busca por diversificação e crescimento, principalmente através do desenvolvimento de novos produtos, está no cerne dessa adoção.

No entanto, há desafios como os da integração cultural, do alinhamento de expectativas e da relação com startups. De primeira, esses senões despontam logo de cara como obstáculos significativos.

Só que é sempre bom ter em mente: a inovação no cenário brasileiro não é apenas uma prerrogativa das grandes corporações. O vigor empreendedor das startups brasileiras, que agora totalizam número expressivo de 16.921, tem sido um pilar robusto de inovação. Estas startups captaram 54% dos investimentos em inovação na América Latina em 2023, solidificando o Brasil como um líder empreendedor na região.

Mas é preciso aterrissar o voo. Ter um porto seguro, físico até, para que a inovação seja feita. É justamente aí que entra o Hub de Inovação.

Especialmente no Brasil, esses espaços têm desempenhado papel vital no fomento ao empreendedorismo e na promoção da inovação. Além de serem colaborativos, costumam reunir startups, investidores, e grandes empresas, criando um ambiente propício para o compartilhamento de ideias e recursos.

Muito bom. Temos inovação, empreendedorismo, investidores, locais físicos, mas temos apetite para internacionalização? E para com parceiros externos?

Essa é uma resposta que passa por muitas variáveis. Embora a internalização da inovação aberta ofereça controle direto, a colaboração com parceiros especializados traz vantagens consideráveis. Parceiros externos, com experiência e redes estabelecidas, proporcionam eficiência através de frameworks e playbooks bem desenvolvidos. Este modelo facilita a interação com VCs e startups, maximizando o potencial de inovação.

Segundo uma reportagem da Época Negócios, entre as atividades de inovação aberta, 79% das empresas realizam contratações de fornecedores externos, incluindo institutos de ciência e tecnologia, e 49% das empresas possuem parcerias com startups.

A experiência de gerentes de inovação sugere que a colaboração com parceiros especializados pode ser mais benéfica. Um exemplo recente foi o movimento feito pela Unifique, de Santa Catarina, que após 26 anos de sua fundação resolveu investir em inovação aberta com através de um CVC com a Bossa Investimento e do design estratégico da Kyvo.

Em outras palavras, há o desafio da terceirização à mesa, claro. E ela deve ser guiada por esforços e expertise. Quer um exemplo, Startup Jam.

Charles Scheitzer, head de inovação do Banco Carrefour, descreve o Startup Jam como uma metodologia eficaz na busca de novas tecnologias e competências para enfrentar desafios atuais de negócios. O processo envolve a reunião de áreas de negócios, tecnologia e startups, com um plano de fundo focado no design para analisar problemas antes de decidir sobre a continuidade com as startups. A decisão é tomada rapidamente, e as startups selecionadas recebem um período de dois a três meses e um investimento inicial de até R$10 mil reais para desenvolver uma prova de conceito (PoC). Este método permitiu ao Banco Carrefour testar cerca de 50 startups por ano, com uma taxa de implementação de aproximadamente 20% dos casos.

Há outro, o VC Challenge. iniciativa há anos da gestora de fundos de VC, KPTL, o programa é singular, uma vez que conecta empresas a uma vasta rede de universitários e estudantes do ensino médio oriundos de mais de 400 instituições de ensino. Na sua última edição, realizada em 13 de novembro de 2023, o VC Challenge reuniu estudantes de 26 estados brasileiros e ultrapassou a impressionante marca de 7 mil participantes, destacando-se por sua diversidade em termos de cursos, raça e gênero.

O grande vencedor foi o grupo Guará Capital, de São Paulo, que se concentrou na vertical ambiental com a startup um grau médio, com tecnologia focada na redução de incêndios florestais e emissões de CO2.

Trocando em miúdos, a inovação aberta no Brasil está evoluindo rapidamente, com uma clara inclinação para parcerias especializadas. Isso reflete uma compreensão mais profunda das vantagens que essas colaborações trazem, especialmente em termos de acesso a novas ideias, tecnologias e mercados. Através de iniciativas como o Startup Jam e o VC Challenge, as empresas brasileiras estão não apenas explorando novas fronteiras de inovação, mas também contribuindo ativamente para o crescimento e diversificação do ecossistema empresarial e empreendedor do país.

Hilton Menezes, Co-CEO da Kyvo.

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