A possibilidade de virar meros "dutos" para o tráfego de serviços over-the-top (OTT) há alguns anos assombrava as operadoras, mas muitas já viraram essa página e começaram a fazer parcerias com empresas de diferentes áreas para prover novos conteúdos e serviços e, assim, gerar novas receitas.
Em painel durante o primeiro dia do Mobile World Congress (MWC), o presidente e CEO da japonesa NTT Docomo, Kaoru Kato, reconheceu que hoje há muitos provedores OTT criando valor em cima das redes das operadoras e isso, de certa maneira, provocou uma mudança estrutural na indústria móvel, ainda em andamento. "Carriers podem escolher entre duas opções: tornar-se um pipe ou criar serviços; e a Docomo partiu para criar um novo ecossistema", disse Kato ao lembrar que a operadora deixou de ser um provedor de plataforma para prover serviços. "O centro do nosso ecossistema está mudando para as camadas mais altas, de criação de valor”. A Docomo criou o 'dmarket', um portal de provimento de conteúdo que abriga além de conteúdos digitais, e-comerce e serviços de e-health e e-learning. Para Kato, o importante é fazer acordos de cooperação com outras empresas para atacar novos nichos. "Fizemos parceria com uma empresa para lançar uma plataforma de healthcare, com dietas, exercícios, informações de seguro saúde e tratamentos médicos. Em 2011 conseguimos US$ 4 bilhões em receitas de serviços que não fazem parte do nosso core business; em 2012 foram US$ 6 bilhões; e devemos chegar a US$ 11 bilhões em 2015", revela o executivo.
Vale lembrar que a tele japonesa tem hoje mais 60 milhões de clientes, 10 milhões dos quais já da base LTE, e obtém 60% de suas receitas de serviços de dados. Seu serviço de m-wallet tem 37 milhões de assinantes no Japão e acumula 1,5 milhão de compras.
Carros conectados
Sistemas para carros conectados também despontam como uma boa alternativa para gerar valor a partir de redes móveis. A AT&T, por exemplo, fechou parceria com a General Motors para oferecer a plataforma da montadora, a OnStar. A parceria foi anunciada pelo vice chairman da GM, Steve Girsky, que ressaltou não ser apenas para conectividade, mas para desenvolvimento de apps, serviços e funcionalidades. "Na evolução dos carros conectados, apenas arranhamos a superfície do que é possível. Mas o próximo ciclo de inovação vai demandar muita sinergia e trabalho conjunto com parcerias, até porque nosso negócio é vender carros. Estamos fazendo parcerias com as teles e elas devem montar as formas de cobrar por isso”, pontuou Girsky.
M2M
Para o CEO da Qualcomm, Paul Jacobs, o que chama de "Internet of everything" trará muitas oportunidades com a previsão de 24 bilhões de dispositivos conectados até 2020. "Estamos falando em smart TVs, smart set-top boxes e muitos outros devices. Há oportunidades com health care, onde temos 30 programas de mobile health em andamento e 200 diferentes parceiros conectados ao hub da Qualcomm", disse Jacobs.