A nova economia ou economia do conhecimento pode ser entendida como uma abordagem que privilegia idéias, informação e conhecimento que estimulam a inovação e a geração de valor para a organização.
Na sociedade da informação, o verdadeiro ativo não é a informação em si, mas o conhecimento, pois ele é quem cria valor para a organização. Assim, para que a criação de valor seja efetiva é necessário obter conhecimento no menor tempo possível, fazendo-o chegar até aos gestores que o utilizarão para dar suporte aos seus modelos de gestão.
Há um consenso de que o uso efetivo das tecnologias da informação pode gerar um diferencial competitivo que apóie substancialmente o modo de gestão da organização. A evolução da sociedade contribui para o aprimoramento dos modelos de gestão e vice-versa.
Assim, novos modelos de gestão são continuamente propostos, desenvolvidos e aplicados nas práticas gerenciais das organizações. O modelo de gestão congrega o corpo de conhecimento de uma organização. É importante estimular continuamente a aprendizagem organizacional e a gestão dos conhecimentos tangíveis e intangíveis.
A aprendizagem organizacional é o processo contínuo de experimentação e análise. Já a gestão do conhecimento é a criação e a aplicação do capital intelectual de forma efetiva e lucrativa.
A transformação de informação em conhecimento depende do modelo mental de cada um dos gestores da organização. Os seres humanos criam e usam modelos formais para explicar fenômenos da natureza, bem como modelos menos formais ou mentais. Os modelos mentais são flexíveis e construídos a partir das experiências que serão transformadas em conhecimento.
Atualmente, o melhor mecanismo de mapeamento desses modelos mentais é a Teoria de Sistemas, também conhecida como Pensamento Sistêmico. A partir do Pensamento Sistêmico podem ser gerados desenhos que descrevem o comportamento da organização, geralmente denominados de Arquitetura Organizacional. Esses desenhos buscam explorar continuamente como as tecnologias da informação podem apoiar e melhorar a aprendizagem e a incorporação permanente de conhecimento.
Um exemplo equivalente de desenho arquitetural, em outra área do conhecimento, é a utilização de planta baixa, elétrica e hidráulica que são usadas para facilitar a comunicação entre o mestre de obra e o engenheiro. Essas plantas arquitetônicas guiam o modelo mental do engenheiro e do mestre de obra na identificação do tipo e das características da construção.
Dessa forma, o objetivo de uma Arquitetura Organizacional é comunicar os elementos essenciais que explicam o funcionamento de uma organização, permitindo que os seus gestores tenham uma idéia clara dos pontos que devem ser tratados para atingir as metas desejadas.
Especificamente em relação a organizações de telecomunicações e TI, a arquitetura organizacional busca ser uma completa representação de toda a área de telecom ou de TI, expressando visões, estratégias, princípios de governança, metas, processos, estruturas organizacionais, competências e aspectos de automação, tais como sistemas de informação e infra-estrutura tecnológica. Todos esses fatores contribuem de forma significativa para um melhor gerenciamento, bem como para o alinhamento das áreas de telecomunicações e TI com o restante da organização.
Existem diversos frameworks que orientam o desenho da arquitetura organizacional denominados de Enterprise Architecture Frameworks (EAFs). Como exemplos temos o Federal Enterprise Architecture Frameworks (FEAF) e o The Open Group Architecture Framework (TOGAF). O FEAF é de adoção obrigatória pelas organizações públicas estadunidenses por força da lei Clinger Cohen Act que visa aprimorar a gestão de unidades de TI governamentais, de forma que elas sejam tão eficazes e eficientes como unidades de TI da iniciativa privada. O TOGAF reúne as boas práticas de modelagem organizacional sendo composto de um método detalhado e um conjunto de ferramentas de suporte para o desenvolvimento de arquiteturas organizacionais.
De qualquer modo, independente da aprendizagem e da gestão do conhecimento pretendida com a arquitetura organizacional adotada, modelos de gestão dependem de conhecimento. E a fonte de geração de qualquer tipo de conhecimento, ainda é de domínio do complexo cérebro humano.
Luis Fernando Ramos Molinaro é professor doutor da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB).
Colaboraram Marcelo Stehling Castro, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Karoll Haussler Carneiro Ramos, consultora de empresas e mestranda da UnB.