Empresas tradicionais de TI são as que 'entregam' mais dividendos aos acionistas

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Ao contrário do que muitos imaginam, as ações que mais renderam dividendos aos investidores nos últimos 12 meses não foram as das empresas de internet — as chamadas pontocom —, mas das companhias de tecnologia mais antigas e maduras, como a Seagate Technology, Microsoft, Intel e Cisco Systems. Os papéis desta última, por sinal, foram os que proporcionaram o maior dividend yield (retorno com dividendos) entre os títulos negociados na Nasdaq, segundo levantamento da própria bolsa de tecnologia.

As ações da fabricante de equipamentos de rede foram as que mais pagaram dividendos (3,1%), embora o desempenho não tenha sido muito impressionante ao longo dos últimos anos, com base apenas no preço da ação. Os papéis subiram apenas 21% nos últimos cinco anos em relação a março de 2009, quando a valorização foi de 113% no índice S&P 500.

Mas, no longo prazo, os dividendos pagos pela Cisco Systems (CSCO) aos investidores conseguiram manter seu potencial valor, especialmente com base no preço atual. Os papéis da empresa renderam 3,5% em dividendos, o que está em consonância com o retorno de ações de empresas de bens de consumo, como a Coca-Cola ou a Procter & Gamble.

A Cisco não tem um histórico longo de dividendos (lucros da companhia repassados aos acionistas), mas iniciou em 2011 com um dividendo de US$ 0,06 por ação trimestral, preço que triplicou para US$ 0,19. Mesmo após este forte aumento, a taxa projetada de pagamento de dividendos para 2015 é de cerca de 35% dos lucros. Isso, segundo analistas, é bastante sustentável e ainda há a possibilidade de aumentos de dividendos futuros.

Os ganhos com ações Cisco foram sacudidos com as notícias recentes de demissões, pois não é um bom sinal para uma empresa que tem lutado para manter os lucros. Mas os investidores já viveram momentos com este muitas vezes, então a narrativa não é nova — os analistas dizem que não se pode esquecer que a Cisco superou as expectativas de faturamento.

Mercado cativo

Outra que gerou bons dividendos aos acionistas é a fabricante de discos rígidos (HD) Seagate Technology (STX), cujo ganho por ação subiu cerca de 50% nos últimos 12 meses. Isso, por si só, mostra que a empresa de hardware não está morta no mercado como alguns pensavam alguns anos atrás, quando as vendas de PCs sofreram forte desaceleração — situação que de certo modo ainda perdura.

É preciso lembrar, contudo, que a Seagate interrompeu o pagamento de dividendos durante a crise de 2008-09, e esperou até 2011 para restabelecer a distribuição de lucros. Um aspecto que pesa contra e empresa é o fato de não estar no mercado de smartphones e tablets, o que é um risco. Apesar disso, vale ressaltar que a explosão dos celulares resultou em um aumento do armazenamento de memória na nuvem — o que significa que o negócio de discos de armazenamento para servidores e unidades de armazenamento em nuvem continua crescendo. Como resultado, a receita da empresa manteve-se muito firme nos últimos anos.

O retorno acumulado dos papéis da Seagate é US$ 0,43 por ação trimestral — mais de quatro vezes, a US$ 0,10 por ação, que foi pago no início de 2008. O dividend yield de quase 3% (2,9%) torna as ações da fabricante comparáveis a outras, mesmo empresas fora do setor de tecnologia.

O fato, segundo analistas, é que esse dividendo parece sólido, e isso pode ser um presságio para mais crescimento dos ganhos com as ações da Seagate.

Peso da tradição

Para muitos investidores, as ações da Intel (INTC) é uma daquelas que devem ser consideradas como uma relíquia do passado, já que nos últimos anos foi a que teve uma das menores taxas esperadas entre as companhias de tecnologia. De fato, a partir de meados da década de 2000 até o final de 2013, essa percepção parecia justificada.

No entanto, a fabricante de chips ganhou um monte de investidores ultimamente, com uma grande corrida aos seus papéis, que subiram 32% nos últimos três meses, com retorno acumulado de 2,6%.

Parte desse otimismo foi gerada pelo anúncio do lançamento de uma nova linha de chips para dispositivos móveis, cujo codinome é Broadwell. Para alguns analistas, entretanto, mesmo aqueles que não acreditam no potencial da nova linha de chips da Intel, é importante lembrar que se trata de uma empresa cuja solidez dos papéis que está longe de ruir se o Broadwell não pegar.

A Intel possui fluxo de caixa operacional de mais de US$ 20 bilhões por ano, com cerca de mais US$ 30 bilhões em caixa e investimentos em bancos. E isso, por si só, já garante que ela vai continuar sendo uma grande competidora — na verdade, deve manter seu domínio, no mercado de semicondutores nos próximos anos.

Além da valorização das ações e perspectivas de crescimento, há um histórico da empresa de aumentos substanciais que poderiam significar grande crescimento do dividendo nos próximos anos. Afinal, em 2004, a Intel pagou meros US$ 0,04 por ação trimestral e agora paga mais de cinco vezes esse valor em um dividendo trimestral, de US$ 22,50.

Pagamento sustentável

O desempenho das ações da Microsoft (MSFT) foi uma lástima no último ano, mas desde que anunciou uma reorganização em larga escala os papéis da empresa têm ficado acima de 20% ao dia neste ano, crescimento de 70% desde janeiro de 2013.

O impulso se deve, em grande parte, ao otimismo em relação às mudanças anunciadas, incluindo a saída de Steve Ballmer do cargo de CEO e o anúncio de que a empresa vai demitir 18 mil funcionários ao longo do próximo ano. A Microsoft claramente precisa crescer e se adaptar a era móvel, e esses movimentos são sinais de que está disposta a fazer escolhas difíceis, a fim de seguir em frente, apontam analistas. Ela já deu os primeiros passos com o lançamento do tablet Surface e o Windows Phone, mais ainda tem um longo caminho a percorrer para que se torne altamente competitiva nesse mercado.

Mas, ao que parece, os investidores estão dispostos a dar à Microsoft o benefício da dúvida, considerando a sua longa experiência no mercado de software empresarial e seu enorme caixa e investimentos, de US$ 100 bilhões. E mesmo que os papéis da fabricante de software não mantenham esse ritmo de valorização nos próximos anos, a boa notícia é que os seus pagamentos são mais que sustentáveis e crescem num bom ritmo — o dividendo trimestral de US$ 0,28 é mais de 150% superior aos US$ 0,11 que a empresa estava pagando por volta de 2008.

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